Em O ESTADO DE S.PAULO:
Além de convocar o embaixador para dar explicações sobre o tratamento “indigno” e “inadequado” dispensado aos 30 cidadãos brasileiros que foram impedidos anteontem de entrar na Espanha, o Itamaraty ameaçou ontem submeter os passageiros daquele país que desembarcarem aqui aos mesmos controles - e também deportá-los. A ameaça foi anunciada em uma nota oficial, onde o Itamaraty diz que “está examinando a adoção de medidas apropriadas em resposta ao ocorrido (no aeroporto de Madri), tendo em conta, inclusive, o princípio da reciprocidade”.
Apesar disso, 20 brasileiros foram deportados ontem, incluindo dois pesquisadores do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio (Iuperj), que só queriam fazer conexão para Lisboa, para participar de um congresso da Associação Portuguesa de Ciência Política. Pedro Lima e Patrícia Rangel devem embarcar hoje às 12h05 no vôo 6025 da Iberia, com previsão de chegada ao Rio às 18h40.
O Itamaraty ressaltou na nota oficial que a Espanha é reincidente no tratamento “incompatível com o bom nível de relacionamento entre os dois países”. Lembra que, “há poucas semanas”, o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) já “havia manifestado ao chanceler espanhol (Miguel Angel Moratinos) a insatisfação em relação às restritivas e ressaltado a importância de que se conceda tratamento digno e adequado aos cidadãos brasileiros”.
Amorim, que está na República Dominicana, tomou conhecimento “com profundo desagrado” de que 30 brasileiros foram retidos em Madri. A deportação de brasileiros no aeroporto de Madri-Barajas aumentou mais de 20 vezes em dois anos. Em 2006, a média de deportações de brasileiros era de 20 por mês. No ano passado, foram deportados 3.137, ou 261 por mês. Em janeiro, o número saltou para 300 e em fevereiro, para mais de 400.
Antes de o Itamaraty divulgar a nota em que ameaça adotar o princípio da reciprocidade em relação aos espanhóis, o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães, convocou para uma conversa o embaixador Ricardo Peidró. Ele avisou que o Brasil pode, a qualquer momento, começar a exigir os mesmos documentos pedidos em Madri. Esse procedimento assemelha-se ao que foi adotado em 2004 em relação aos americanos, quando os brasileiros começaram a passar por revistas consideradas vexatórias, como a que os obrigava até a tirar os sapatos na chegada aos Estados Unidos.
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