Bancária que dava um grau no visual num salão de beleza, anteontem, ficou espantada com as confissões das mais mudernas e liberais com que a manicure revelava à pedicure, ambas ocupadas em dar o melhor dos tratos na cliente.
- E aí, melhoraste? – perguntou a manicure à colega.
- Que nada. Já fui ao médico, mas ainda não sei direito o que eu tenho – respondeu, com um ar de enfado, a pedicure. A bancária, enquanto isso, fazia de conta que tirava um cochilo.
A conversa prosseguiu.
- Por isso é que eu já te disse. Agora, minha filha, o meu lema é ser feliz. Meu marido, tu sabes, não quis mais saber de mim. Depois que passei dos 50, me ignorou completamente. Fiz tudo o que era possível e nada. Ele não queria nem saber. E eu sabia que ele tinha outras fora. Sabes o que eu fiz? Agora, estou feliz da vida com o meu gato, o meu garoto de 20 anos, mais novo do que o meu filho mais velho, que já tem 27. Minha filha até já aprovou.
A essa altura, a pedicure, que já se mostrava constrangida em ouvir confissão assim tão íntima, explícita e ao mesmo tempo liberal, notou que a própria cliente começava a dar sinais de que já estava também estupefata com o que ouvia, muito embora disfarçasse que estava cochilando. Mas a manicure, que não estava nem aí para quem escutasse o que falava, concluiu:
- Pois é, agora que eu estou com o meu garoto de 20 anos, está tudo ótimo. Meus cinco filhos estão bem. E eu e meu marido estamos ótimos. Vivemos na mesma casa como se fôssemos dois grandes amigos. E o meu garoto [o de 20 anos] me dá tudo o que eu havia perdido. Eu nunca estive tão feliz como estou agora.
Aí a cliente acordou do cochilo dissimulado, pigarreou um pouco e logo puxou outra conversa, temerosa de que as confissões da cabeleireira avançassem para áreas mais profundas.
Mas que a cara da manicure era de extrema felicidade, lá isso era, garante a bancária.
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