sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Os buracos são mais embaixo

Camelôs mostraram na manhã desta quinta-feira o que serão capazes de fazer caso a Prefeitura de Belém, em cumprimento a uma determinação judicial, tente removê-los do mafuá em que se transformaram a Avenida Presidente Vargas e quase todo o centro comercial, além de outras áreas da cidade.

O caos de hoje, é verdade, não vem de agora. Remonta há mais de 20 anos. E serve de álibi para os prefeitos que vão se sucedendo: o que assume diz que é difícil de resolver o problema porque os que o antecederam não fizeram nada.

A administração pública é impessoal. Ninguém quer saber quem teve ou não teve culpa por esta bagunça estabelecida. É preciso que o Poder Público corrija o que tem de ser corrigido.

Por que não corrige? Porque é leniente com o desregramento. Deixa para fazer daqui a 20 anos coisas que podem ser feitas na mesma hora. Quando chega um, apenas um vendedor ambulante num ponto da cidade onde ainda não há ambulante, é preciso que seja notificado a sair imediamente. Mas não. Aquele chegou fica ali. Depois dele, vem mais outro. E fica. Vem um terceiro. Fica. E nada do Poder Público se mexer. Dá no que dá: em vinte anos, mais de 20 mil camelôs na cidade.

Paraense que chegou na semana passada de Roma relata ao blog um exemplo que o deixou bestificado.

Um dia, pela manhã, saiu do hotel em que estava hospedado. Bem pertinho, estavam trabalhadores da Cosanpa de lá fazendo um buraco na rua. Um buraco de tamanho regular. A britadeira era operava a toda. Eram umas 9h da matina.

- Quando vi aquilo, transportei-me para Belém e pensei: sabe lá quando vão fechar isto aqui.

Pois o turista seguiu adiante, para fazer o seu tour diário pela cidade.

Retornou ao hotel por volta de umas 5 da tarde. E cadê o buraco? O buraco havia sumido. Não havia o menor sinal de buraco. O buraco havia sumido. A Cosanpa de lá abriu, ela mesma fechou. O lugar do remendo nem era percebido. Os asfalto estava lá, praticamente do mesmo jeito em que estava antes de ser arrebentado um pouco antes.

E aqui em Nova Déli (dá licença, Quinta)? Aqui, os camelôs se acumulam.

Aqui, os buracos ficam. Aqui, os buracos são mais embaixo.

Ou mais em cima, sabe-se lá.

2 comentários:

Unknown disse...

Toda sua, Paulo...rs

Anônimo disse...

Que alívio, Juca. Eu pensava que fosses cobrar os direitos autorais (rsss).
Abraços,
PB.