Em sua coluna de hoje, Vera Castro assina comovente homenagem a Anna Maria Martins, que faleceu na semana passada. Confira.
Admiração por Ana Maria
* Se um dia eu resolver escrever um livro para contar ao Fernando, meus filhos, netos, amigos e aos queridos leitores, o saldo da minha vida jornalística nesses mais de 40 anos de atividades, com certeza a figura da amada Ana Maria Martins estará em vários capítulos. Muitos foram os momentos dessa minha longa trajetória na impressa paraense de que ela participou, não bastassem os nossos almoços dominicais, sempre com um largo sorriso, transmitindo carinho, simpatia, alegria.
* Na verdade, ela não foi apenas importante para os amigos como ser humano. Ela revolucionou a nossa gastronomia, dando-lhe personalidade e permitindo que fosse conhecida internacionalmente. E tudo feito sem sofisticação, com simplicidade, mas suficientemente bem feito para receber elogios de chefes famosos e, mais do que isso, garantir muitos clientes atraídos pelo paladar dos seus pratos. O seu pato no tucupi era impecável, capaz de atrair turistas; a carne assada, de casa mesmo, com molho ferrugem; a rabada com jambu em lugar agrião, era chamariz de gourmets nos domingos do Lá em Casa/O Outro. E ela, feliz, recebendo a todos com o seu belo sorriso e palavras de carinho. Ela chegava a pedir sugestões dos clientes, sendo capaz de atender a todos. Eu e Fernando, que vivemos esses momentos, em muitas ocasiões sugerimos o cardápio do domingo. Bons anos aqueles.
* Conheci Ana Maria em diversas fases da sua vida. Ela foi a primeira grande hostess de Belém. E hostess para receber gente de fora de que precisava o Pará para fazer crescer o seu turismo. Levas de turistas chegavam em navios e o primeiro contato com Belém era no Lá em Casa e, claro, com Ana Maria, falando ou não o idioma dos visitantes, recebendo a todos com carinho, exatamente como fazia com os clientes habituais. Única essa Ana Maria.
* É evidente que a vida de Ana Martins nem sempre foi, como se diz, um “mar de rosas”. Havia dias difíceis, mas Ana Maria era capaz de esquecer os dissabores ao receber o primeiro cliente da sua casa, Aliás, toda Belém sabe, Ana Maria sempre fez questão de estar cedo no seu restaurante para festejar desde o primeiro até o último cliente. Talvez seja caso único na história dos restaurantes de Belém. Foi muito bom conhecer Ana Maria. Ela plantou uma semente que fez florescer o “Lá em Casa”, que foi com ela, com a sua alegria e personalidade, enfim, um grande ser humano. A amiga Helena Martins, sua filha, lembrava no velório que a mãe gostava muito de mim. Pois ela partiu sem saber o quanto eu a queria bem e admirava. Pena que não mais poderei falar com ela aos sábados, na missa, antes na igreja de Sant’Ana e mais recentemente na capela do Colégio Santo Antonio. Mas ela estará sempre nas minhas orações.
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