Conforme o Espaço Aberto informara em post anterior (veja aqui), o major Wolgrand Marques remeteu mesmo à governadora Ana Júlia Carepa, formalmente, denúncias sobre o comando-geral da PM. Ele mesmo confirma isso em manifestação ao blog.
Wolgrand diz que foi injustamente afastado da PM, garante que ainda se considera aliado do atual governo petista, confirma que apóia a pretensão de ex-PMs que pretendem voltar aos quartéis e confessa que, “de vez em quando”, sente medo por causa das denúncias que tem feito. "Tenho plena consciência da finitude da vida, logo não faz sentido ter medo de algo que é inevitável: a morte”, afirma.
A seguir, a manifestação do major.
Sobre o conselho de justificação a que foi submetido:
“Fui processado e transferido para a reserva da PM sob a alegação de Acumulação ilícita de cargos públicos, já que sou professor de filosofia do CEFET/PA, o que é um absurdo, primeiro porque eu fui e sou o único militar até hoje a sofrer tal punição; segundo, porque existem vários Acórdãos do TJE de Pará permitindo tal acumulação. Lecionava há 08 anos e, coincidentemente, após denunciar ilegalidades fui processado por tal motivo. Hoje, vários militares lecionam e nenhum foi processado como eu. Por que será?”
Sobre o apoio ao governo Ana Júlia:
“Me considero um aliado do atual governo - não um subordinado - pelas propostas de campanha e pela história de luta da Governadora Ana Júlia. Apoiar um governo, penso, não significa concordar com todos os atos praticados, pois critico atos (não pessoas ou instituições) que considero incongruentes e contrários ao que foi prometido por ocasião da campanha. Por exemplo. Valores como legalidade e transparência foram sobejamente defendidos, porém, na prática, o atual comando continua praticando atos como se estivesse em pleno governo tucano, como os que citei na matéria do Liberal. Ressalto que tudo o que relatei foi formal e previamente comunicado ao próprio comandante, à Secretária ou Governadora. Não difundo boatos, escrevo e subscrevo. Penso assim que estou colaborando com um governo que quer acertar ao mostrar o que está errado, apontando alternativas possíveis, porém alguns puxa-sacos tentam convencer as autoridades de que eu ajo para prejudicar o governo. É uma questão de interpretação, porém desejo e trabalho para o sucesso deste governo...até onde for possível.”
Sobre o apoio a PMs excluídos da corporação:
“Eu sou presidente da Associação em Defesa dos Direitos do Militares do Pará - ADDMIPA, que foi procurada por ex-militares que foram excluídos ilegalmente da PM e BM. Após estudar a causa e reconhecer a ilegalidade existente os apoiei. Esclareço que somente defendo as questões em que acredito e que posso sustentar teoricamente. Não faço populismo. Só pra exemplificar, basta citar que esses ex-militares não foram sequer submetidos ao devido processo legal e contraditório, logo será que a CF não se aplica ao militares? Mais um absurdo.”
Sobre ofício que remeteu à governadora:
“Foi um ofício que trata do DESVIO DE FUNÇÃO NA PM, isto é, da "privatização" da atividade policial. Isso ocorre desde que a polícia é polícia, porém, penso, que um governo que está preocupado com o cidadão não pode admitir tal ilegalidade. O problema é que muitas autoridades usufruem deste ilegal uso da PM, tais como, membros do Governo, MP, TJE, Assembléia Legislativa e outros, além dos que podem pagar pelo serviço, como empresários, comerciantes, etc. Não adiante incluir 1800 soldados ou 4000 voluntários se não discutirmos como o comando da PM está empregando o efetivo que atualmente possui. O soldado que falta na periferia é o que está fazendo a´proteção de supermercados, lojas de peças automobilística, etc. Mais um absurdo que ainda acredito que o atual governo vai corrigir.”
Sobre perseguições e injustiças:
“Sou professor de Filosofia e sei que as minhas posições críticas gerariam reações contrárias. São as relações de poder que existem em toda sociedade. Eu apenas sou a parte, teoricamente, mais fraca. Penso, porém, que sofri algumas injustiças - como a maioria dos meus colegas PM - que até agora não foram corrigidas, mas não me preocupo com isso porque cedo ou tarde elas serão corrigidas, porque estou trabalhando para unir forças e assim ser ouvido. Nós não somos nada em uma sociedade como a nossa, e somos dominados por meio dos instrumentos de controle - cargos, DAS, promoções, regulamentos, leis, etc -, porém o Major Wolgrand trabalha todo dia para não se submeter a essas coisas (isso incomoda muita gente) e somente a morte o deterá.”
Sobre o medo e a possibilidade de vir a ser punido:
“Quanto ao medo, digo-lhe que até o tenho de vez em quando, mas ele não regula as minhas ações. É isso que as pessoas querem para nos controlar...que tenhamos medo. Eu tento agir com LIBERDADE, que pra mim é um valor incomensurável, e isso não agrada a maioria das pessoas, porque elas não se identificam com as ações livres. A sua pergunta é uma prova disso. Portanto, prisões, processos, ameaças, exonerações, demissões, abandonos, morte...são apenas conceitos pra mim, criados pelo gênio humano. A vida, como diz Pablo Neruda, é muito mais. Além do que tenho plena consciência da finitude da vida, logo não faz sentido ter medo de algo que é inevitável: a morte.”
4 comentários:
O blog tá bombando. Parabéns pela matéria. Jornalismo de qualidade. Informação em cima do lance. E furos e mais furos. É indispensável, hoje, para a blogsesfera paraense. Continue assim que , mais cedo ou mais tarde, será um dos preferidos para quem acompanhar blog de verdade.
Concordo com o anônimo, teu bolg m tá dando o que falar...para os inteligentes.
parabéns meu biluleco!
major aqui e o ex soldado borges Continue assim e vc sera um grade homen e estamos junto nesta luta major q deus tide muita paz para q o sr seja vencedor e sabado estarei na reunião
Anônimo das 20:52,
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