sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Presença de Bolsonaro no ato de transmissão da faixa seria um atentado e uma afronta à democracia

FHC passa a faixa a Lula, em 2003: no domingo, a ausência de Bolsonaro desse
momento solene é um alívio e uma homenagem à democracia brasileira.

Há dois meses, precisamente desde 30 de outubro, quando se consumou a vitória de Lula nas urnas, pergunto a mim mesmo por que motivo tanta gente ficou especulando, todo dia, o dia todo, se Bolsonaro, o derrotado, passaria ou não a faixa ao sucessor.
Pra mim, sinceramente, a presença de Bolsonaro no parlatório - uma espécie de tribuna de mármore que fica em frente ao Palácio do Planalto, onde é transmitida a faixa - seria, rigorosamente, inapropriada, inadequada e representaria uma afronta à democracia.
Isto mesmo: entendo que, nas circunstâncias, a presença de Bolsonaro, cumprindo um ritual solene que faz parte da tradição democrática no Brasil, soaria como um gesto de deboche à democracia.
Por quê?
Porque Bolsonaro, desde 1º de janeiro de 2019, quando assumiu o que seria o seu desgoverno, até esta sexta-feira, 30 de dezembro de 2022, quando está vazando do país, jamais se conduziu com o mínimo apreço, aprumo e respeito aos protocolos e ao decoro exigidos pelo cargo.
Há quatro anos, Bolsonaro debochou de tudo e de todos.
Debochou da vida humana, quando desestimulou o uso de máscaras.
Debochou da vida humana, quando estimulou o negacionismo.
Debochou da vida humana, quando simulou doentes agonizando com falta de ar.
Debochou da verdade, quando veiculou mentiras.
Debochou da moralidade, quando seu governo imergiu na corrupção desbragada, como se verificou no escândalo da demora na compra de vacinas e no tráfico de influência de pastores no âmbito do Ministério da Educação, com o aval do próprio Bolsonaro.
Debochou da democracia, quando disseminou ameças de golpe.
Debochou da democracia, quando alimentou o descrédito das urnas eletrônicas.
Debochou da democracia, quando teve aprovada a sua PEC (Proposta de Emenda à Constituição) eleitoreira, que deu carta branca para que o governo gastasse R$ 41,2 bilhões em benefícios a menos de três meses das eleições.
Debochou da democracia, quando seus comparsas inventaram um suposto escândalo em que rádios do interior do Nordeste teriam se recusado a veicular propagandas bolsonaristas durante a campanha eleitoral.
Debochou da democracia, quando a PRF comandada por um bolsonarista resolveu interditar estradas justamente no dia das eleições, uma tentativa criminosa de forçar o aumento de abstenções para prejudicar a candidatura de Lula.
Bolsonaro, meus caros, fez tudo isso.
Como é que alguém poderia almejar que um elemento como esse estivesse presente no ato de transmissão da faixa?
A ausência de Bolsonaro, neste domingo, é um momento raro de depuração da democracia brasileira.
Sua presença, ao contrário, seria desonrosa, inapropriada e inadequada - para a democracia, para o decoro e para as instituições.

3 comentários:

Ano Novo e Novo Governo Velho disse...

1º DE JANEIRO DE 2.023, ALVORADA DO NOVO ANO E NOVO GOVERNO VELHO!


Ano Novo e Novo Governo Velho?

Nesse 2.022 findando, basta de renovar as esperanças pela posse de novo governo. Alimentar ilusões? Pra que repetir isso a cada quatro anos, se – efetivamente, nada vem sendo mudado para melhor?

Pra quê? Se, em 2.018 os eleitores almejaram, fervorosamente, sucesso ao governo eleito que prometera ser contra a velha política - e, decorridos quatro anos, constata-se que foi mal sucedido, para não dizer desastroso diante da pandemia e proteção do meio ambiente, além do conluio com o famigerado “Centrão” e o escandaloso “orçamento secreto”, em troca de apoio?

Um governo mal sucedido, causando retrocessos econômicos, políticos, sociais e até culturais, além da manipulação da população através de fake News? Tão mal sucedido, ao ponto de evidenciar a opção de “votar no menos pior” - e, consequentemente, o retorno do mesmo núcleo político que, ao governar o país em quatro mandatos seguidos, foi pautado pela corrupção e o conflituoso progressismo do “nós contra eles”?

Faz algum sentido em rotineiramente renovar a esperança e, a partir do dia seguinte, esses mesmos milhões de eleitores se acomodando e deixando tudo à mercê dos interesses nada republicanos de muitos dos detentores de cargos nos Três Poderes?

E aquele Brasil tão sonhado e cantado em versos ufanistas? Ainda haveria chances de retomar o bom rumo em sua História, após mais de um século de governos – em geral, de medianos a sofríveis? De populismo e corrupção? De pequenos avanços seguidos de retrocessos maiores e, evitáveis?

Mudanças inadiáveis, possíveis já a partir de 2023? Ou, politicamente, os interesses obscuros tornam impossíveis essas mudanças?

A grande e efetiva mudança só aconteceria se fosse pela vontade e ações do povo?


ET de Varginha
30/12/2022

AHT disse...

Ano Novo e Novo Governo Velho

E agora, Brasil?


PRUDÊNCIA?


Ponderação, calma, sensatez e paciência?
Riscos e perigos? Cautela e precaução?
Urge autêntica União por um Brasil verdadeiramente
Democrático e capaz de extirpar enraizados males?
Ênfase na Educação, Saúde e Bem-Estar Social?
Normalização e transparência na gestão pública?
Congresso Nacional, Executivo e Judiciário íntegros e
Imbuídos por um Brasil de Ordem e Progresso?
Além da fé, todos cumprindo a Lei e os seus deveres?


AHT
30/12/2022

Mirika Bemergui disse...

Apoioado totalmente, sem tirar e nem por....A ausência deste ser maligno é um ALÍVIO para o Brasil🇧🇷...VIVA O BRASIL!!VIVA LULA!!