sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Delícia, delícia, assim você me mata!











Hehehe.
Nossa, nossa, assim você me mata!
Mas que coisa.
A música de Michel Teló ganha o mundo.
Línguas, etnias, ideologias, preferências clubísticas, nada é barreira para que a música seja adaptada, cantada e dançada.
Até comediantes judeus já lançaram mão do hit, com dancinha e tudo, para satirizar os compatriotas ortodoxos que humilharam uma garota de oito anos por estar, supostamente, vestida em desacordo os cânones judaicos. Putz!
E aí?
E aí que a música de Teló é um das mais bobas, das mais sem-sentido, das mais abestalhadas já produzidas nos últimos tempos.
Talvez seja a segunda nesse nível. Só ganha em poesia e lirismo (rssss) de uma outra, que também faz grande sucesso.
Trata-se de Balada Boa, do Gusttavo Lima.
Diz assim: “Tchê tcherere tchê tchê, Tcherere tchê tchê, Tcherere tchê tchê, Tchereretchê, Tchê, tchê, tchê”
Enfim, por que, digamos assim, pegou a música do Teló?
Porque todo mundo tem o seu pingo, o seu tanto, o seu quinhão de reserva para suportar bobagens.
E quando a bobagem é inofensiva, lá estamos todos no hum, hum, hum, hum, hum, no laralá, laralá, laralá, laralá e outras coisas.
Outro dia, numa redação, um carequinha se aproximou de outro colega e começou, com coreografia e tudo: Nossa, nossa, assim você me mata / ai, se eu te pego / ai, ai se eu te pego / Delícia, delícia, assim você me mata...
Pronto. Um fuzuê! Um alvoroço!
Todo mundo prestou atenção na música e na coreografia. E só ali Michel Teló ganhou uns 50 novos adeptos do “Ai, se eu te pego”.
Culpa do Teló?
Claro que não.
Culpa da galera – inclusive, como diz um dos versos da música, “a galera que começou a dançar” -, culpa de milhões, bilhões que preenchem a sua reserva de tolerância com bobagens.
Quando a bobagem é inofensiva, o jeito é relaxar e...
E cantar, é claro. Ou dançar, se quiserem. Ou as duas coisas.
A propósito, veja o artigo abaixo.
É muito interessante.
Está no Blog de Bruno Medina, o músico da banda Los Hermanos.
Mas por quê?
Medina defende a tese acima: a música, de tão boba, pegou porque é boba. E não sai da cabeça de ninguém.
Abaixo, confiram o artigo, que tem o título de “Carta aberta a Michel Telo”:

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Prezado Michel,

Antes de mais nada, feliz 2012! Espero que sua noite de réveillon tenha sido memorável; a minha com certeza foi, visto que, na festa em que estive, a chegada do novo ano foi relegada a segundo plano devido a batalha campal que se deu entre o grupo que queria ouvir “Ai se eu te pego” em looping até o amanhecer e o outro, que não desejava escutar a música sequer uma vez. Ao invés de comer uvas ou pular 7 ondinhas, os presentes preferiram se dedicar a calorosas discussões sobre temas como direito de expressão, identidade cultural brasileira e tolerância, com direito a argumentos do quilate de “é proibido proibir” e “não quer ouvir, tape os ouvidos”.
Como se não bastasse, minha mulher – que por razões injustificáveis ainda não conhecia o hit do verão – deixou o local entoando os versos criados por Axé Moi (também conhecida pela Dança do Quadrado), só que errado (ai, delícia, se te pego/ai, delícia, se te pego), o que apenas contribuiu para que a referida música se apoderasse do meu cérebro tal qual o exército americano fez com o território afegão em sua cruzada anti-terrorismo. Apesar da gravidade dos fatos descritos, saiba que não guardo rancor de você. Afinal, eu mais do que ninguém sei o que é estar a frente de uma canção que fugiu do controle. Na época em que Anna Júlia foi lançada, ao menos, não havia Youtube, o que certamente poupou nossos detratores da infindável proliferação de clipes da música, protagonizados por bêbados gregos dançando em Ibiza ou por italianos solitários cantando o refrão pegajoso em frente a webcam.
Ao assistir ao vídeo que registra soldados israelenses pulando feito bobos da corte ao som de “Ai se eu te pego” no meio do deserto, tive a impressão de que o sentimento que a cena deve despertar em você seja algo semelhante a quando conheço uma menina de 12 ou 13 anos que se chama Anna Júlia. É estranho, e ao mesmo tempo fascinante, quando uma música nossa passa a fazer parte assim da vida das pessoas, né? Agora imagine o que não está por vir no trilho dessa versão que você acabou de gravar em inglês? A internacionalização do nosso hit, não sei se você lembra, além de regravações em espanhol, italiano e inglês, rendeu nada menos do que uma participação de George Harrison, fato que até hoje nos enche de orgulho.
Bom, independente do que acontecer daqui pra frente – e não sei se isso serve bem de consolo – acredite que provavelmente daqui a dez anos você ainda será amado ou odiado por causa de “Ai se eu te pego”, portanto faço votos sinceros de que consiga construir um legado musical consistente o bastante para evitar que todo seu trabalho seja tomado por uma só música.
Antes de correr o risco de me estender demais, gostaria de desejar que sua turnê internacional, que se inicia agora em janeiro, seja a primeira de muitas. Aliás, não seria mau se você resolvesse passar logo todo o ano de 2012 viajando pelo mundo. Nada pessoal, é só uma precaução com o meu cérebro. Para terminar, um único pedido: da próxima vez que gravar uma música, em prol da sanidade mental de milhões de pessoas, por favor, considere não criar dancinhas.

Um abraço,
Bruno Medina

4 comentários:

Anônimo disse...

Ah, o gosto popular!!!

Pois há alguns anos a Europa não se quedou embevecida com as obras do "grande" escritor Paulo Coelho!?

Tempos sombrios estes, tempos sombrios!!!

Anônimo disse...

Ah, tá valendo mesmo? Só besteirol nessa sexta chuvosa de Belém, é?
Então tá: Tá todo mundo satisfeito, Teló, menos a Luisa que estava no Canadá.
Mas já voltou!
Tôma-te!!

blog do bacana-marcelo marques disse...

Paulo.
Estava eu tomando um sorvete faz duas semanas e pouco em uma esquina na cidade de Mendoza e passa um carrão, desses bonitos paca.
E o som lembrava Salinas infestada pelos auto falantes dos veículos.
Pois bem, a música de Teló é que tocava. No outro dia, percorrendo os vinhedos o taxista disse que essa música toca o dia todo.
É o Brasil ganhando o mundo, he he.
Abraço.
Marcelo Marques

Anônimo disse...

imbecilidade tem em todo lugar, principalmente na cabeça de jogador de futebol.