segunda-feira, 25 de maio de 2015

A benemerência humilha o Remo e seus benemerentes



Sabem de uma coisa, meus caros?
No Remo, que se transformou numa casa da mãe joana - com o perdão das mães e das joanas -, seria necessário que se proibissem, entre outros tantas coisas, a benemerência, a filantropia. É imperioso que se proíba a generosidade, digamos assim, despreocupada e desinteressada.
No Remo, benemerentes, filantropos, solidários e generosos acabam - é duro dizer isso, mas que se diga - se expondo a humilhações. E acabam expondo o clube a humilhações extremas.
Querem uma uma prova provada disso?
Lembrem-se da reunião do Conselho Deliberativo da semana passada, que decidiu pelo afastamento de Pedro Minowa da presidência do clube.
O poster acompanhou parte da reunião por emissoras de rádio.
Coleguinhas, quase aos prantos, quase às lágrimas - ou em lágrimas - deploravam eles próprios o fato de terem sido impedidos de votar os conselheiros inadimplentes. Entre eles, Albany Pontes, que confessou naquele momento ser credor de R$ 280 mil do Remo, conforme documento atestado em cartório.
Quase aos prantos, quase à beira da lágrimas, coleguinhas - quase todos - abriam seus microfones para que entrevistados sentassem a pua em Ribeiro, tachando-o, entre coisas, de dono do Remo, apenas porque respeitou o estatuto do clube, em acolhimento à deliberação da maioria presente à reunião.
Ressaltem-se dois pontos.
O primeiro: não se desconhece o remismo de remistas como Albany Pontes e de outros que abriram os bolsos e despenderam recursos próprios para ajudar o Remo.
Mas deviam, esses conselheiros benemerentes, fazer mesmo isso?
Quando deixaram prevalecer seus acendrados amores pelo clube, os benemerentes se tornaram também inocentes? Voltaram à inocência perdida?
Não sabiam que, pela situação em que o Remo se encontra, jamais receberiam - como não receberão - o dinheiro de volta?
Não avaliaram que corriam o risco de passar por humilhações, aplicando dinheiro a fundo perdido no Remo?
Em algum momento, quando o conselheiro Albany Pontes despendeu R$ 280 mil para ajudar o Remo, ele não se deu conta de aquele ato benemerente, generoso, solidário e filantrópico reforçava a condição do Remo, de estar praticamente na mendicância, eis que precisava da benemerência, da filantropia, da solidariedade e da generosidade de seus ardorosos conselheiros para sobreviver?
Esse é o primeiro ponto.
O segundo é o seguinte: o estatuto do Remo prevê que, em casos de benemerências e filantropias comprovadas - inclusive em cartório -, devam ser abertas exceções no caso de inadimplências?
E dizer, como muitos estão dizendo - inclusive e sobretudo o afastado presidente Minowa -, que o presidente do Condel virou o dono do Remo não configura uma imbecilidade tamanha, não reflete uma incongruência do tamanho do caos que o Remo enfrenta?
Não é imbecil e incongruente atribuir ao presidente do Conselho Deliberativo do Remo, seja lá quem for - Manoel, Pedro, Paulo, qualquer um -, poderes excessivos, ditatoriais, de exceção, uma vez que o dirigente do Condel não pode tomar uma só decisão monocrática, individual, solitária, pois precisa sempre render-se, primeiramente, ao que consta do estatuto e depois ao que decidir o colegiado, ou seja, os conselheiros?
Apliquemos, portanto, o estatuto ao caso concreto.
O conselheiro Albany Pontes é credor do Remo? É.
Despendeu R$ 280 mil porque gosta do Remo? Sim.
Porque fez esse gesto benemerente, deveria participar da reunião do Condel na condição de inadimplente, mesmo que o estatuto vede essa possibilidade?
É claro que não.
É natural a mágoa, são admissíveis o constrangimento e a humilhação que os conselheiros benemerentes do Remo experimentaram, quando lhes foi negado o direito de participar das deliberações daquele dia? Sim.
Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Uma coisa é o remista benemerente dar R$ 1 milhão para o clube por vontade própria, por deliberação pessoal.
Outra coisa é o remista pretender exceções estatutárias porque agiu com o coração pelo bem do Remo.
Hehehe. Contem outra, meus caros.
E repita-se o que foi dito no início: no Remo, benemerentes, filantropos, solidários e generosos acabam - é duro dizer isso, mas que se diga - se expondo a humilhações. E acabam expondo o clube a humilhações extremas.
Ah, como o Espaço Aberto já escreveu recentemente, amores extremos ao Remo são muito bacanas. Mas o repeito ao Remo, cadê?

2 comentários:

Anônimo disse...

Pertinente, perfeito e correto.
Infelizmente, os conselheiros "se acham" acima do bem e do mal; da lei e da ordem; da moral e dos bons costumes.
E a instituição Clube do Remo é atingida, avacalhada e manchada.
Mas, tale qual a fênix, continua ressurgindo das cinzas.
Fenômeno Azul, força!

Anônimo disse...

Peraí. Ele é credor e inadimplente, simultaneamente?