terça-feira, 6 de maio de 2014

Vândalos não querem charanga. Eles querem é vandalizar.

A matéria que O LIBERAL publicou no último domingo, assinada pelo repórter Nilson Cortinhas, reforça a convicção de que os grupelhos de vândalos que se intitulam torcidas organizadas precisam ser enquadrados nos tipos penais condizentes com os crimes que cometem.
Não há qualquer dúvida quanto a isso.
Agora, com todo o respeito - mas com todo mesmo - ao promotor Domingos Sávio: dizer que "só punição não resolve", quando se discute a necessidade de combater esses vândalos, é uma verdade que exige uma outra formulação.
Talvez melhor seria dizer que punição resolve, sim. Mas precisa, é claro, vir acompanhada de medidas complementares e permanentes para inibir os quadrilheiros que frequentam os estádios.
Então, é mais ou menos assim: mais do que ingressar com ação que torne proscritas as atuais entidades originárias de grupelhos já extintos por decisão judicial transitada em julgado, é necessário processar pessoalmente seus integrantes pelos crimes que vierem a cometer.
Tem mais: Remo e Paysandu precisam parar de acolher bandidos que se travesem de torcedores.
Mais: Remo e Paysandu, uma vez identificados os autores de vandalismos, como os que agrediram jogadores no Baenão, durante um coletivo, deveriam impedir que esses elementos assistissem a seus jogos. Deveria bani-los de seus seus estádios.
E mais: dizer o promotor que os atos de vandalismo ocorreram durante um treino, e não durante um jogo, fica parecendo - apenas parecendo, vejam bem - que vandalismos durante coletivos são menos graves do que quando ocorrem durante jogos.
É certo que o promotor não quis dizer isso; mas a impressão que ficou é de que pretendeu dizê-lo.
Promotor, mas será que não é até mais grave um vândalo agir durante um coletivo, hein?
Será que não é mais grave?
Porque num coletivo, promotor, não se configura nem mesmo uma relação de consumo, que poderia ser invocada como o direito que teria um torcedor de exigir agressivamente que o artista do espetáculo, no caso o jogador, se houvesse com eficiência em campo.
Não é isso mesmo?
É claro que é.
Num coletivo, o elemento entra de graça no local de trabalho dos atletas e se dá o direito de impedi-los de trabalhar. E ainda o faz de forma agressiva, desrespeitosa, ignominiosa.
Pode isso, Arnaldo?
Ou melhor: pode isso, dr. Sávio?
Então, é assim: esses elementos, promotor, tenha certeza, não são torcedores. O senhor sabe que não.
Eles estão pouco interessados em tocar a charanga, promotor.
Eles são vândalos.
Representam uma ameaça inclusive ao senhor, que se revelou frequentador de estádios.
São uma ameaça aos seus familiares, aos seus amigos.
São uma ameaça, enfim, a todos nós, que gostamos de futebol e não de vandalismo.
Não é assim?
Se é, por que então não os punir na medida dos crimes que cometem?
Por que não tentar, junto a Remo e Paysandu, que instalem em seus estádios câmeras de segurança que poderiam identificar os vândalos em ação?
E por que não fazer uma devassa nessas organizações criminosas, para descobrir como é que sobrevivem e com que estipêndios se sustentam?
Por quê?

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