A conversa é sempre a mesma. Nosso País não passa por um bom momento. Ninguém é capaz de dizer o contrário. É um retrato perturbador com pessoas mergulhadas em roubalheiras infinitas e danosas. Não se trata de nenhuma declaração incidental. A força do pessimismo muda e rápido na esteira dos escândalos, descontrole administrativo e apatia econômica. Até que no momento desfrutamos de um período em que o nível de emprego é razoável, mas é imprudente acreditar que ele se sustentará se o país não voltar a crescer em ritmo mais intenso e estável. A fim de levar o Brasil a retomar o crescimento desejável, a sociedade toda terá de se empenhar em lutas desafiadoras, no futuro próximo. Os principais candidatos à Presidência, obviamente, preferem não tocar no assunto. Refugiam-se no populismo, num embate sobre quem dará mais benesses à população.
Até mesmo aqueles que gostam de andar no contra fluxo da verdade, sabem que sofremos com insegurança, educação ruim e cidades paralisadas. Presenciamos no cenário atual, um ambiente econômico não muito saudável, pouco alentador e tememos pelos seus efeitos deletérios – piora nas contas públicas e mais inflação. Não há dúvida que haverá pressões sobre os candidatos, nos meses à frente, para que o país se torne ainda mais generoso, sem se preocupar com os custos dessa trajetória. Os pré-candidatos à Presidência parecem ignorar um diagnóstico consensual sobre o que há de errado no Brasil: governo, empresas e cidadãos devem trabalhar melhor, de forma mais eficiente e tentar afastar a qualquer custo o vento mórbido do atraso.
Aproxima-se a abertura da Copa do Mundo e os problemas com infraestrutura continuam a desafiar os organizadores; depois de inúmeros acidentes, contratempos e adiamentos. Os transtornos do humor começam a mexer com a população, alimentado por causas palpáveis e pelo acirramento da disputa eleitoral. O pessimismo viceja também nas dúvidas dos cidadãos quanto ao futuro, parte alimentada por más escolhas do governo Dilma Rousseff. Muitos são nomes conhecidos que reaparecem envolvidos em escândalos, à semelhança de um baralho antigo, com cartas marcadas e jogo previsível.
Por outro lado, enquanto parlamentares se digladiam a respeito de uma comissão de inquérito a misturar, para fim lampedusiano, o caso Petrobras com o de formação de cartéis e de fraudes em licitações no metrô paulista; dia desses, Dilma não estava confortável, muito constrangida ao lado de cartolas e de políticos que preferia manter à distância e, mais a vontade na companhia de operários, o que era para ser uma grande festa, a inauguração do estádio de um dos times mais populares do País, o Corinthians, tornou-se um item burocrático da agenda presidencial, um compromisso acanhado e realizado às pressas, símbolo do mau humor que contamina a vida nacional e aprisiona o governo.
Não é segredo que a avaliação do governo vem experimentando consecutivas quedas. Pesquisa recente ISTOÉ/Sensus mostra que, pela primeira vez, o índice de entrevistados que desaprovam o desempenho pessoal da presidente é maior (49,1%) do que daqueles que aprovam (40,2%). O clima de rejeição nacional já incomoda “contra tudo que está aí” parece ser a tônica na maioria da população. A candidata à reeleição teve que sair em contraofensiva bradando aos quatro ventos que há lealdade entre ela e Lula. Soou como se fora um apelo. Numa resposta aos rebelados da base e à rejeição crescente disse que será candidata com ou sem apoio dos aliados.
Estamos cansados das astúcias de operadores de negócios nada republicanos. Dispensamos com prazer esses líderes de quimeras. Tempestades começam a se formar e hoje se abatem sobre a Corte; ao que tudo indica essa eleição que se aproxima não será mais um passeio e não deve ser resolvida numa só votação, como apontavam as enquetes até agora divulgadas. A oposição ganha votos e, se fosse hoje, a disputa seria entre Dilma e Aécio.
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SERGIO BARRA é médico e professor
sergiobarra9@gmail.com
3 comentários:
Caro Sérgio.
Como sempre, muito bom o teu artigo. Só discordo da parte que colocas que Dilma fica constrangida ao lado de cartolas e outras figurinhas carimbadas da corrupção e dos desmandos brasileiros. Não fica não. Ela não tem qualquer vergonha na cara de se aliar aos Marcos Felicianos, aos Malufs, aos Garotinhos, aos Teixeiras e Marins da vida, a dirigentes corruptos de times de futebol, aos Eike Batistas da vida, etc, etc.
O que vale é o poder, seja lá quem for o aliado do momento.
Um país que demora 27 anos - repito, 27 anos - para inaugurar um trecho de ferrovia não é um país sério. E o cidadão brasileiro é o culpado por isso. Tais dirigentes não caem do céu ou chegam em uma carruagem de fogo. São "eleitos" por um brasileiro alienado, por um brasileiro que só quer saber dos vales-alguma coisa e do RExPA no final de semana.
Vá a alguma rua dessas toda pintadinha e engalanada para a Copa e peça uma contribuição e serviços dos moradores dali para pintar a escola onde seus filhos estudam. Não sai nada dali. Aposto.
Kenneth
PS : esqueci do Sarney, Renan Calheiros e do Jader Barbalho .
Kenneth
O que Ela tem é muito óleo de peroba na cara!
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