quarta-feira, 14 de março de 2012

"Jornal Nacional" mostra a luta dos concurseiros


O "Jornal Nacional", da Rede Globo, vem exibindo desde a última segunda-feira uma série de reportagens sobre os concurseiros, essa categoria crescente de pessoas de todas as idades, mas sobretudo os que estão na faixa dos 20 aos 35 anos, que têm se empenhado para ingressar no serviço público federal, estadual ou municipal através de concursos públicos.
Na reportagem exibida ontem, está uma paraense de Belém, Cíntia Bastos Bemerguy, 26 anos.
Formada em Fisioterapia pela Uepa, ela não quis seguir a profissão. Preferiu fazer concurso público.
Em meados de 2010, foi uma das cerca de 350 aprovadas num concurso público para auditoria fiscal do Trabalho, disputado por 50 mil candidatos em todos o país.
Desde a posse, no segundo semestre de 2010, é lotada na Superintendência Regional do Trabalho em Boa Vista (RR).
As reportagens que o JN têm mostrado nesta série representam um grande estímulo sobretudo a jovens que se empenham para ingressar no serviço público.
Tantos os que aparecem nesta reportagem como os que ainda estão estudando são uns batalhadores.
Para os que ainda buscar a aprovação, que não desistam.
E que recebam sempre o estímulo de todos - das famílias, dos amigos, de esposas e esposos, de namorados e namoradas -, para que possam concretizar os seus sonhos.
Para quem quiser assistir ao vídeo da reportagem de ontem do JN, pode clicar aqui ou aqui.
Abaixo, o texto da reportagem que foi para o ar ontem à noite.

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O Jornal Nacional exibe esta semana uma série especial de reportagens sobre os brasileiros que perseguem o sonho de ser funcionário público. Nesta terça-feira (13), a repórter Mônica Silveira vai mostrar a dedicação dos chamados concurseiros e a recompensa de quem conquistou uma vaga.
Cíntia é de Belém e tomou posse como auditora fiscal do trabalho em Boa Vista, com salário de R$ 13,6 por mês. Mas isso custou o fim do namoro de oito anos.
“Todo sacrifício que a gente faz vale a pena. Desde a época que a gente está estudando, essa renúncia, esse afastamento das pessoas, não só de namorado, mas também de amigos, isso acontece desde sempre”, ela conta.
Muitas vezes, o concurseiro é incompreendido. É o que diz Clara Bezerra, de 27 anos, de Acari, no Rio Grande do Norte. Já prestou seis concursos. “Assim que eu me formei, fica todo mundo em cima de você querendo saber o que você está fazendo. Quando você diz que está estudando, parece que você não está fazendo nada”, ela diz.
Imagine falhar? Definitivamente, não é fácil. Márcia Oliva, tem 26 anos e é de Salvador. Fez concursos para o Tribunal Regional do Trabalho na Bahia, em Alagoas, no Ceará, em Minas Gerais e passou no de Roraima.
“Você começa a achar: ‘perdi o primeiro, perdi o segundo, perdi o terceiro, o quarto’. Já começa a duvidar da sua capacidade. A autoestima vai para baixo e tem gente, inclusive, que entra em depressão”, destaca Márcia.
Graziela, de 24 anos, sabe bem o que é se sacrificar. Com renda familiar de R$ 1,4 mil, precisou da ajuda de um programa que financia estudantes de baixa renda para se formar na PUC do Rio Grande do Sul. Também conseguiu uma bolsa para estudar para concursos e deu certo: passou para auditora do Tribunal de Contas do Estado, com salário de R$ 12 mil.
“Eu fui contemplada com uma bolsa para estudar para concursos para me preparar. Eu vi essa oportunidade de ouro e decidi me jogar mais uma vez”, ela conta.
Estudar e abrir mão do lazer. É tempo de reclusão. Em Brasília os concurseiros brincam que, no fim de semana, a praia do morador da cidade é a escola. Há aulas preparatórias durante a semana inteira. Mas o sábado e o domingo são sagrados para quem está decidido a conquistar uma vaga no serviço público.
Giovani que o diga. Aos 39 anos, formado em informática e em direito, gaúcho criado em Brasília, fez três concursos e está inscrito em mais três. Estuda de domingo a domingo. E, em todo canto da casa, busca inspiração. “O que não pode faltar, com certeza, são os livros mais atualizados; as provas dos concursos mais recentes para você saber dos assuntos que estão em voga; e, com certeza, o chimarrão - para você ter tanto a cafeína quanto a ingestão de líquido, coisa de gaúcho mesmo”, ensina.
Giovani já passou em um concurso para a Polícia Federal, mas quer ser juiz. Juntando tudo o que gastou na preparação, lá se vão R$ 50 mil. Em um dos cursos que fez, conheceu a amiga Erika, de 33 anos, que trabalhava na iniciativa privada. Há um ano, ela parou de dar expediente para se dedicar ao sonho de ser promotora de Justiça. Fez provas em São Paulo, no Distrito Federal e em Goiás. Foram seis concursos, a maioria para treinar.
“O que se diz, o que se espera, é que seja em torno de três anos para passar em um concurso de nível mais alto”, ela destaca.
Para economizar, ela voltou a morar com a mãe. No caso de Charles, também é a família que dá a ajuda fundamental para que tente conquistar uma vaga de agente na Polícia Civil de Pernambuco. Pelo cursinho preparatório, a mãe, feirante no interior do estado, paga R$ 500. E ela já banca a faculdade de direito, que ele está terminando. São mais R$ 750.
“Tem que abrir mão de lazer, abrir mão de vaidade, porque a gente tem objetivo de vencer cada etapa”, diz Charles.
Mais do que estar preparado e passar, é preciso estar pronto para o que vem depois, diz a psicóloga Ana Paula Hawatt.
“Você abre mão, algumas vezes, do que você gosta, do que você, às vezes, passou a vida pensando em fazer na sua profissão: enfermeiro, biologia, psicologia, qualquer outra, para prestar um concurso, e fazer o que tem que ser feito, e não o que você gosta”, explica Ana Paula Hawatt.
Foram muitos os desafios na trajetória de Márcio Evangelista. Ele é filho de um policial militar e trabalhou no comércio até bancar por completo a faculdade. Formado e já advogando, concluiu que se realizaria como juiz.
Foram 16 concursos em São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Piauí, Paraná, Tocantins e finalmente no Distrito Federal. Alguns para o Ministério Público, outros para a defensoria pública, até que passou na magistratura. Mas ainda teria feito um pouquinho diferente, na preparação.
“Eu teria utilizado meu tempo, teria trabalhado de forma a me dedicar realmente àquilo que eu tinha vocação, que eu tinha desejado mais do que tudo, que era a magistratura”.

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6 comentários:

Artur Dias disse...

Apesar de não eu ser do tipo que exalta supostas qualidades "inerentes" aos cabocos daqui, fiquei muito orgulhoso pela Cíntia Bermerguy, pela sua capacidade comprovada, ainda tão jovem.

Poster disse...

Obrigado, Artur.
Se você já ficou orgulhoso, imagina o pessoal aqui da redação (rsss).
Abs.

Anônimo disse...

Pelo fato de ser um grande jornalista, bom servidor público e pai, não poderia furtar-me a dizer "quem puxa aos seus, não degenera". Acho que basta para identificar o autor da obra. kkkkkkk...
Roberto Paixão Junior

Poster disse...

Amigo Roberto,
Desta vez, é o contrário: neste caso, quem puxa à filha - às filhas, para ser mais preciso -, não degenera.
Grande abraço.

Luiz Braga disse...

Fiquei muito orgulhoso pela Cynthia. O tempo voa, amigo! Parabéns mais do que merecidos. Grande abraço. O Pará tem notícia boa!

Poster disse...

Pois é, hein, amigo?
O tempo voa.
Muito obrigado.
E um forte abraço.