Que pena, Mercadante!

O senador Aloizio Mercadante (SP) – na foto, da Agência Senado - é um dos melhores quadros do PT.
Tem postura.
Tem preparo intelectual.
Tem conteúdo.
Quando precisa, é contundente sem ser agressivo e desrespeitoso.
Fala bem.
Mas seu papel neste embate entre a bancada do PT e o governo no caso Sarney tem sido, vamos e convenhamos, verdadeiramente deplorável.
Mercadante é a favor do afastamento de Sarney.
Ótimo.
É a favor da autonomia da bancada em relação ao governo, que não quer o afastamento de Sarney.
Ótimo.
Era a favor da abertura de pelo menos uma representação no Conselho de Ética, a que responsabilizava Sarney por atos secretos.
Ótimo.
Mas Mercadante dissentiu do governo. Se dissentiu, deveria, para ser coerente, deixar a liderança.
Mas não.
Mercadante não largou o osso.
Resultado: fez um papelão.

Ou fez vários papelões.
Primeiro, não quis substituir dois senadores – Delcídio Amaral e Ideli Salvati – que não queriam se expor, votando contra a reabertura dos processos no Conselho de Ética.
Segundo, inicialmente se dispôs a ler uma nota assinada pelo presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, orientando a bancada a votar no Conselho de Ética contra a reabertura das investigações contra Sarney. Contraditoriamente, porém, recusou-se em seguida a ler a nota.
Terceiro, “atendendo a pedidos” – sabe-se lá de quem -, decidiu não largar a liderança, para não aprofundar a crise na bancada.
Quarto, passou a enfrentar a resistência dos próprios liderados.
Por que não ele não quer deixar a liderança da bancada?
Para não perder visibilidade.
Porque também tem isto: Mercadante é um excelente quadro petista, mas gosta de visibilidade, gosta de notoriedade que nem ele.
Mercadante, dizem agora alguns de seus próprios liderados, “adora jogar para a arquibancada, para a plateia”.
Parece que gosta mesmo!
Que pena, Mercadante.