No AMAZÔNIA:
Onze adolescentes foram assassinados na Região Metropolitana de Belém só nos primeiros dois meses do ano em situações de crime. Foram mortos a tiros ou a golpes de faca em acertos de conta com bandidos, quando praticavam assaltos, em discussões familiares ou em ocasiões que continuam nebulosas para a polícia. O número corresponde apenas aos casos de assassinatos noticiados pelo jornal Amazônia entre janeiro e fevereiro de 2009 (ver quadro) e é, provavelmente, menor do que a contagem oficial de todas mortes violentas de adolescentes de Belém. Contribui para a constatação de que os jovens na capital paraense se envolvem com o crime cada vez mais cedo e acabam se tornando vítimas desta condição.
A presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, Nazaré Sá de Oliveira, cita um dado da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SDHP) para demonstrar como o envolvimento de jovens com a criminalidade é frequente no Estado. O Pará, segundo ela, é o quarto Estado em número de jovens assassinados no País, atrás apenas de Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás. O ranking foi discutido durante reunião presidida por Nazaré Sá com representantes da SDHP, no Fórum Social Mundial 2009, realizado em Belém no mês de janeiro. 'É um dado vergonhoso para todos nós', avalia. 'Principalmente porque mostra que a nossa adolescência está muito exposta à criminalidade. Seja por uma situação de negligência e abandono do Estado ou pelo simples fato da desagregação familiar', completa a conselheira.
Nazaré também aponta a falta de espaços de lazer para jovens em bairros considerados violentos e a precariedade das escolas mantidas pelo Estado, como causas do envolvimento com a criminalidade cada vez mais precoce de crianças e adolescentes. 'Nós temos índices de evasão escolar altos porque as escolas não são atraentes, não funcionam como estímulos para que os jovens se interessem pelo estudo. E muitos deles acabam desviando para o crime, se envolvendo com tráfico de drogas ou com outros ilícitos'.
Números - Em três décadas, a taxa de homicídios entre jovens no Brasil quase dobrou. Em 1980, para cada grupo de 100 mil habitantes morriam 30 jovens entre 15 e 24 anos. Em 2002, o número de jovens com a mesma faixa etária mortos de forma violenta chegou a 52 para cada grupo de 100 mil. Os números estão no Mapa da Violência no Brasil construído pela Organização Não Governamental Coav (Children in Organized Armed Violence, em português Crianças e Jovens em Violência Armada Organizada).
A pesquisa aponta que entre a década de 90 e os primeiros anos da década atual, o número de jovens entre 15 e 24 anos assassinados no País cresceu 88,6%. Outro dado citado na pesquisa se refere à prevalência de assassinatos entre jovens afro-descendentes: a taxa de homicídios de 68,4 mortos para 100 mil habitantes é 74% maior do que a média de brancos da mesma idade assassinados, de 39,3 para cada 100 mil. Os dados reunidos pela ONG Coav sobre a violência entre jovens podem ser consultados na página da ONG na internet, no endereço www.coav.org.br.
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