quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Wanzeller cobra investigações

No AMAZÔNIA:

O ex-diretor geral do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, Miguel Wanzeller, reagiu, ontem, às declarações do secretário de Estado de Segurança Pública, Geraldo Araújo. 'Ele trata a maioria das coisas sérias com deboche', disse, acrescentando que não afirma que a Polícia Civil manipula os laudos emitidos pelos peritos, sobretudo os que apontam tortura e execução. Mas ele quer saber se as investigações conduzidas pelos policiais refletiram o que foi apontado nessas perícias. Segundo ele, há pelo menos 40 laudos emitidos pelos peritos do Renato Chaves que apontam para crimes de tortura e execução. Ele não soube, porém, informar quantos desses documentos estão relacionados a ações praticadas pela polícia.
O ex-diretor acredita que até no máximo sexta-feira a Justiça deverá dar uma resposta ao mandado de segurança que impetrou para ser reconduzido ao cargo. Se a decisão lhe for favorável, disse que fará um pronunciamento em Belém. Do contrário, fará novas declarações, mas fora do Estado, provavelmente no Rio de Janeiro. Se permanecer à frente do CPC Renato Chaves, ele disse que continuará sendo uma voz em nome da sociedade e do povo no Conselho Estadual de Segurança Pública (Consep). Se a manifestação da Justiça lhe for desfavorável, afirmou que se manifestará como cidadão e, para tal, precisará de garantias.
Deboche - Wanzeller considerou 'debochada' a declaração do titular da Segup ao comentar a possibilidade de a Polícia Federal dar garantias de vida ao ex-diretor geral, para que, nessa condição, possa fazer revelações. Disse Araújo: 'Isso é factóide (declaração para criar impacto na imprensa). Primeiro que Polícia Federal não pode dar proteção a ele, que não se enquadra no perfil de proteção da PF, que é o caso de deputados federais, senadores, chefe de poderes. Então ele vai ter que contar com a proteção dele mesmo e de Deus para ajudá-lo'.
Miguel Wanzeller disse já ter a proteção de Deus, a quem disse ser fiel. Ele criticou o fato de Geraldo Araújo ter dito que ele tinha 'apego ao cargo'. 'O cargo não é meu. É da perícia do Pará', afirmou, acrescentando que foi eleito democraticamente pela categoria para um mandado de quatro anos. De acordo com ele, o secretário faz tal afirmação por desconhecer o projeto técnico e científico da perícia paraense, que hoje, afirmou, é referência nacional. 'Uma perícia como instrumento de direitos humanos', disse. Esse projeto, acrescentou, também passa pela autonomia da perícia, já que hoje o 'Renato Chaves' é uma autarquia, não estando mais vinculado à polícia.
Ainda segundo ele, o que o secretário classificou como apego ao cargo é, para Wanzeller, 'sinônimo de responsabilidade, de querer que a coisa pública funcione'. E, sem entrar em detalhes, disparou: 'Ele trata a maioria das coisas sérias com deboche'.
Na opinião de Wanzeller, Araújo tem 'antipatia' por ele. E apontou a origem dessa suposta antipatia. O ex-diretor do Renato Chaves disse que, no segundo dia de gestão de Araújo à frente da Segup, entregou a ele um relatório da Auditoria Geral do Estado apontando 19 irregularidades na administração anterior à dele, entre as quais a dupla cobranças de taxas. Entre os acusados estaria o novo diretor do Renato Chaves, Humberto Sena.Ainda conforme Wanzeller, 'eles querem me boicotar', para tentar passar a imagem de que foi ineficiente à frente do CPC. O ex-diretor disse que já está pronto e deveria ser lançado agora o laudo on line, que seria o primeiro em funcionamento na América Latina e que poderia ser acessado por delegados, juízes e promotores. 'Mas ele (Geraldo Araújo) tirou da pauta (para ser lançado)', afirmou.

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