sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Com a leve sensação "de-já-se-foi"


Ao que tudo parece indicar, não valeram muito os salamaleques dispensados aos empedernidos inspetores da Fifa, por ocasião de sua recente visita a Belém, para "inspecionar" a cidade, avaliar e atestar suas reais condições de sediar uma das chaves da Copa do Mundo 2014. Aliás, os mais comedidos ficaram até constrangidos com a manifestação explícita de puxa-saquismo de algumas autoridades públicas, que teriam exagerado na dose e no trato dispensado aos soberbos visitantes.
Trazidos pelos maiorais Joseph Blater, da Fifa e Roberto Teixeira, da CBF, eles sobrevoaram a cidade (de helicóptero, naturalmente, para fugir dos engarrafamentos), se esbaldaram com o melhor da culinária paraense, além de se deleitarem com um belo show de carimbó, no Hangar. Elogiaram bastante a riqueza da culinária paraense e a beleza plástica das morenas que dançaram o carimbó. Mas foi só. Sobre as reais condições do estádio Mangueirão e quanto à possibilidade de sua adequação ao padrão de qualidade da Fifa, preferiram fazer mistério.
Ricardo Teixeira, do alto de sua experiência de raposa felpuda, fez enigmático charminho e disse que Belém era uma séria candidata... A mesma coisa já havia dito em Manaus, com maior entusiasmo, porém, após um paradisíaco passeio de barco até o encontro das águas, regado a líquido escocês da melhor qualidade, seguido de um "regabofe" em forma de almoço, à base de deliciosos quelônios e peixes nobres de água doce, como o tambaqui moqueado - uma delícia... !
Não por acaso, embora a seleção das 12 cidades só deva ser conhecida dia 20 de março, alguns colunistas bem informados, como o Ancelmo Gois e o Juca Kfouri, dão como favas contadas a escolha de Manaus como sede amazônica da Copa do Mundo de 2014. A única dúvida estaria por conta da definição da cidade sede no Pantanal, se Cuiabá ou Campo Grande.
Alguns blogs nacionais também já veicularam a relação das cidades que serão anunciadas pela Fifa. Manaus pontifica em todas as listas, como pule de dez.
Ora, então, direis: se as cartas já estavam marcadas, por que, então, toda essa dispendiosa encenação? Caso tais notícias sejam confirmadas, fica evidente, uma vez mais, que esse pessoal confunde a hospitalidade do povo paraense com ingenuidade.

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“Se as cartas já estavam marcadas, por que, então, toda essa dispendiosa encenação? Caso tais notícias sejam confirmadas, fica evidente, uma vez mais, que esse pessoal confunde a hospitalidade do povo paraense com ingenuidade.”
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Embora Belém possua um estádio melhor que o de Manaus, parece que os "homens" se deixaram influenciar - além da melhor estrutura (atual) da capital amazonense em relação ao turismo - pela maquete do novo estádio, uma espécie de "ninho de pássaro amazônico", por enquanto apenas uma promessa de ser construído pelo governo do Amazonas.
Uma pergunta não quer calar: qual, afinal, o critério de avaliação das potencialidades das duas capitais da Amazônia ? Serão consideradas as condições atuais, incluindo a capacidade em hotelaria, turismo e transporte, ou as projeções de obras "estruturantes" (by Duciomar) para dotar a cidade de condições plenas de sediar o megaevento? A prevalecer o segundo cenário, Belém levaria nítida vantagem, pois, como anunciou a nossa simpática governadora Ana Júlia (que, no caso, acumularia também as funções de prefeita...), a capital paraense será transformada em verdadeiro "canteiro de obras" ainda em 2009 (depois das chuvas, naturalmente), visando atender plenamente ao "calendário" de exigências da Fifa e também, claro, às necessidades de sua população... Não correríamos, então, sério risco de ver todo esse esforço desperdiçado, caso a poderosa Fifa venha a "selar" o nosso destino logo depois do carnaval?
Nesse caso, as obras viárias previstas no "PAC da Mobilidade" para "destravar" os gargalos do trânsito e mudar a face de Belém ainda seriam realizadas?
Pelo visto, os belenenses corremos o risco de "dançar" ao ritmo de uma marchinha carnavalesca, com o sugestivo título de "Nem Lula-lá deu jeito"...
Afinal, ele não pediu por Belém aos poderosos da Fifa?

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FRANCISCO SIDOU é jornalista
chicosidou@bol.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...

1- Mesmo me mantendo no anonimato, posso garantir que as obras saírão, haja vista algumas delas já esatrem até licitadas e comn os contratos assinado, como a duplicação da Transmangueirão, a construção do viaduto da Júlio César com a Pedro Álvares Cabral, a duplicação da perimetral até a Bandeira Branca, com construção de passagem de nível ligando-a à Dr. Freitas.
2- O terminal Hidroviário está em obras e a duplicação da Arthur Bernardes está associada à revitalização do Distrito Industrial de Icoaraci.
3- Os critérios de decisão da Fifa podem ser nebulosos, mas ninguém pode dizer que o governo do estado fez corpo mole nesse caso. Tudo o que era possível foi feito no sentido de buscar qualificar Belém para ser sub-sede da Copa 2014, entre eles buscar apoios dos governadores do Amapá e Maranhão, além da raposa felpudíssima Sarney.
4- Quanto à prefeitura...

Anônimo disse...

Mesmo sabendo que o esquadrão político do Amazonas, no sentido amplo, é bem mais incorpado que o nosso, tomara que a decisão da FIFA seja de natureza meramente política. Afinal, enquanto cá entre nós os caciques do pós 64 mediam forças para conquistar espaços políticos moldados nos salões da elite militar de então, o vizinho Amazonas trabalhava para dotar a sua Capital de feição urbanística mais atrativa, lastreada na Zona Franca e na exuberência da biodiversidade amazônica como alavanca para o turismo ecológico, ainda que infraestruturalmente, tão precária quanto a nossa. Pouco importa se tal decisão tomará como referência a Belém ou a Manaus de hoje ou de 2014 (simplesmente previstas). Verdade é que, considerado o retrato de hoje, grosso modo, Manaus precisará construir, minimamente, um Estádio de Futebol decente. Um Mangeirão de fato, que, como prometem, será um colosso, em forma de ninho, uma obra arquitetônica "jamais vista no planeta". Enquanto isto, teremos nós que construir uma nova Belém, onde, no mínimo, a malha viária (com todos os balangadns já projetados e "prontos" para ganhar formas, como afirma o anônimo acima)e a rede hoteleira, possam nos garantir poder de "fogo" na conhecida e e popuco amistosa corrida PARÁ x AMANONAS (tudo porque os Barés não nops sujportam).
O que importa, afinal, se os orixás (baianos ???) não nos ajudar, é que as obras já anunciadas não fiquem mofando no papel ou, quem sabe, no volátil campo das ideias.