quarta-feira, 16 de julho de 2008

Texto de delegado ataca "chefões" e ironiza Judiciário

Na FOLHA DE S.PAULO:

Diferentemente de relatórios policiais que embasaram operações recentes da Polícia Federal, o texto assinado pelo delegado Protógenes Queiroz na Operação Satiagraha continha diversos trechos em que ele expressava fortes opiniões, narrando a investigação em tons de disputa entre o bem e o mal.
Ao mesmo tempo em que classificava o banqueiro Daniel Dantas e o investidor Naji Nahas na categoria do "mal" - os dois são chamados de "chefões" ou "capos"-, o delegado exalta sua própria atuação constantemente e dá estocadas na legislação vigente e na Justiça.
Isso ocorre, por exemplo, quando lembra que a Justiça não concordou com pedido de prisão que já fizera em relação ao ex-prefeito Celso Pitta, em investigação anterior. E ironiza, citando uma suposta prerrogativa de "impunidade" (no lugar de imunidade) parlamentar.
"Vale dizer que este investigado [Pitta] figurou como integrante de uma quadrilha comandada pelo também ex-prefeito da cidade de São Paulo Paulo Maluf, (...) cujo processo encontra-se tramitando do STF [Supremo Tribunal Federal] devido à sua prerrogativa de impunidade parlamentar".
No relatório, o delegado reserva também um capítulo para afirmar que o grupo manipulou a mídia. Como "indício", apresenta supostas conversas com jornalistas.
No caso da jornalista Andréa Michael, da Folha -que teve pedido de prisão feito pelo delegado, mas negado pela Justiça-, o relatório anota como "evidência" de que Daniel Dantas recebeu informação privilegiada, que seria o contato do jornal feito um dia antes da publicação de reportagem revelando que a PF investigava o banqueiro. O relatório não esclarece que o contato tinha o objetivo de ouvir a versão do banqueiro em relação às suspeitas, o chamado "outro lado", no jargão jornalístico.

Um comentário:

Anônimo disse...

A opinião da autoridade policial no relatório do inquérito é desnecessária, inexistindo até mesmo previsão legal para tanto.
Apenas reflete a parcialidade, que se o Ministério Público não reparar certamente o judiciário poderá fazê-lo.
"Cada macaco no seu galho", já dizia a letra da música cujo nome esqueci.