Na FOLHA DE S.PAULO:
A troca de farpas públicas entre o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e o ministro Tarso Genro (Justiça) foi encerrada ontem por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Após reunião que durou pouco menos de uma hora no Planalto, ambos tentaram minimizar a crise que se abateu entre Executivo e Judiciário, em razão da Operação Satiagraha, da Polícia Federal. O afastamento do delegado titular da investigação momentos antes do encontro foi considerada por Tarso "coincidência".
Tarso e Mendes afirmaram que não houve divergências entre eles no processo de prisão e libertação do banqueiro Daniel Dantas. Eles atribuíram a tensão entre os dois Poderes à imprensa. "Não nos consideramos oponentes nem contraditórios neste processo, não só em relação à questão do inquérito, mas também em relação a eventuais erros que têm sido cometidos no processo", disse Tarso.
Segundo ele, cada um cumpriu seu papel como presidente do Supremo e ministro da Justiça. "Acho que houve uma divulgação superlativa que não corresponde à nossa relação."
O presidente do STF afirmou, por sua vez, que não chamou Tarso de "incompetente" -foi mal interpretado. "Não fui bem compreendido. Quando disse que não era sua atribuição [analisar a culpabilidade de Dantas], não quis dizer que era incompetente", disse.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, participou do encontro como forma de mediar o debate e evitar novos atritos. O afastamento do delegado Protógenes Queiroz do inquérito e as férias do diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, ontem, foram "coincidência", segundo Tarso.
Ele não atribuiu a saída de Queiroz às críticas de Mendes. "Queiroz deixou o inquérito para fazer um curso obrigatório a todos os delegados que já têm pelo menos dez anos de serviço.
É reciclagem obrigatória."
Quanto às férias de Corrêa, Tarso afirmou que estavam marcadas "há bastante tempo" e que não existe nenhuma crise grave a ponto de desmarcá-las.
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