No AMAZÔNIA:
O ex-presidente da Santa Casa de Belém Anselmo Bentes afirmou ontem que a superlotação da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal do hospital foi o principal motivo para a morte dos 22 bebês no local desde o último dia 20. O governo paraense, responsável pela unidade, tem afirmado que a alta mortandade se deve a uma concentração incomum de casos graves. 'Claro (que foi a superlotação). Todo mundo conhece isso, acontece há bastante tempo lá’’, disse. Segundo Bentes, 'há ao menos dez anos’’ faltam leitos para recém-nascidos na Santa Casa. 'Não tem onde colocar os bebês. Ou coloca lá dentro ou não vai ter tratamento.’’
Segundo o ex-presidente, que entregou o cargo no sábado à noite com toda a diretoria do hospital, não faltava dinheiro para a compra de equipamentos e materiais, apesar de processos licitatórios terem atrasado a chegada de produtos.
Há quatro investigações governamentais sobre o caso. Uma delas começou no último sábado e é feita por comissão multiprofissional de médicos e engenheiros, nomeada pela Secretaria da Saúde do Pará para gerenciar o hospital interinamente. Outra apuração, sobre a maneira como os recursos estaduais foram investidos no hospital, verifica se não houve malversação do dinheiro e é encaminhada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). Ao mesmo tempo, técnicos do Denasus (Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde) apuram o que pode ter causado as mortes. A Polícia Civil também tem um inquérito criminal para apurar possíveis culpados. Entre os crimes que podem ser imputados estão o de homicídio culposo (sem intenção).
A Secretaria da Saúde do Pará informou na noite de ontem que não iria comentar as declarações do ex-presidente da Santa Casa.
Hospital só deve liberar corpos dos gêmeos hoje
O enterro dos dois bebês gêmeos que morreram no último domingo (29) na Santa Casa de Misericórdia do Pará ainda não aconteceu. A expectativa era a de que os corpos fossem sepultados ontem, quando normalmente são feitos esses procedimentos, que também ocorrem às sextas-feiras. Segundo informações da administração do Cemitério Municipal do Tapanã, o hospital não havia enviado até a manhã de ontem qualquer comunidado sobre o possível sepultamento dos bebês no local.
Um coveiro do cemitério que não quis se identificar disse que os enterros ocorrem sempre às terças e sextas-feiras. 'Acho que eles esperam acumular um maior número de corpos pra fazer um enterro só. Já chegamos a enterrar aqui em um mesmo dia mais de 20 bebês', contou.
Na Santa Casa nenhum informação foi dada sobre o assunto. 'Eles disseram que iam liberar os corpos para serem enterrados amanhã (hoje). Talvez fossem abrir uma exceção para enterrá-los na quarta-feira', contou Renata da Silva, sobrinha de Michele Progênio, mãe dos gêmeos que morreram no domingo.
Michele Progênio tem 18 anos e veio de Muaná, na Ilha do Marajó, grávida de gêmeos, após ter passado mal no município. Ela completaria noves meses de gravidez na última segunda-feira (30), caso não tivesse sido dispensada após uma consulta na Santa Casa ainda no dia 26, na qual foi atestada que ela estava fora de perigo. Liberada foi para a casa de parentes na capital, mas acabou retornando no domingo (29) com os bebês já mortos em seu ventre.
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