terça-feira, 8 de julho de 2008

Palavras, palavras, palavras...

Trecho de encarte publicitário do governo do Estado, que os jornais de Belém veicularam no último domingo, sobre a mortandade de bebês na Santa Casa:
“Nosso governo sempre teve compromisso com a saúde pública, porque isso é um direito do cidadão e um dever do governo”.
Imaginem se o governo do Estado não tivesse compromisso com a saúde.
Mais um trecho:
“O que não podemos é transformar a saúde pública no Pará de uma hora para a outra”.
É verdade, não se pode mesmo transformar a saúde pública no Pará de uma hora para a outra.
Mas se pode, de uma hora para outra, agravar as condições deploráveis da Santa Casa, a ponto de provocar-se a morte de mais de 40 recém-nascidos em curto período de tempo. A ponto de isso ter virado um escândalo nacional.
Mais um com origem no Pará.

9 comentários:

Anônimo disse...

Não dá mais para suportar essa lenga-lenga de "herança maldita e falta de tempo" como desculpas (esfarrapadas) para tentar explicar a incompetência.
Não se espera que o Pará seja transformado de uma hora para outra mas , onde estão as providências concretas para, pelo menos, não deixar piorar o que já não era minimamente satisfatório??!!Nada. O que se tem visto são promessas e promessas, tudo para um futuro que só Deus sabe quando vai chegar, se chegar.
E o que era precário, saúde, educação e segurança pública, conseguiram deixar avacalhar ainda mais, estamos no limite do péssimo.
Onde estão os zilhões e zilhões que a então candidata prometia aos berros? cadê os rios de dinheiro que aqui seriam despejados pelo "meu amigo Lula"?!
Se chegaram, a incompetência e a corrupção não deixaram se transformar em benefícios públicos.
Se não chegaram, foi mais uma mentira promesseira de candidato(a) irresponsável, que não honra suas promessas.
Se já esqueceu o que prometeu, resta-nos a triste constatação de que é, mesmo, um caso gravíssimo de incompetência administrativa.
E pensar que seria o tal "governo da mudança"...
É, pode ser, mudou pra pior.

Anônimo disse...

Pará, terra de direitos: mais de 40 crianças mortas na Santa Casa. Erra no princípio, no meio e no fim, quando tenta empurrar goela abaixo da população aquele encarte publicitário. Tenta, a qualquer culto, que a "verdade" mentirosa desse governo prevaleça. Isso com o nosso pobre dinheirinho: não deve ter custado menos de 800 mil reais essa brincadeira de mau gosto nos três jornais da cidade. Com menos do que isso, com certeza, muitas vidas que se foram, estariam fazendo a alegria de muitas pobres famílias.

Marcelo disse...

A propaganda feita pela Governo denota, acima de tudo, insensibilidade. Tom errado, de oba-oba, num momento como esse é de lascar. Cadê o bom senso deste governo e, em especial, da equipe de comunicação?

Anônimo disse...

O episódio envolvendo a morte dos bebês na UTI Neonatal da Santa Casa de Misericórdia do Pará, mostra a gravidade da forma como a imprensa paraora lida com seus próprios interesses e com os interesses corporativos.

Fica evidente, a cada manchete sinistra, a disposição de esfacelar a estrutura do Hospital, até anteontem classificado como referência, a capacidade dos seus técnicos e a subjetividades das famílias envolvidas, num enredo discursivo que assume a cada dia contornos políticos mais evidentes.

Neste redemoinho da politicagem, alimentado pelo calor das eleições municipais, vários interesses afloram. Nenhum deles relacionado ao interesse coletivo.

Num dos pólos, temos o jornal que se arvora em ser o melhor do norte. Defensor ardoroso dos 3 governos tucanos, de onde nutriu-se com muitos recursos, desde o monopólio dos investimentos em propaganda estatal, até o contrato para utilização das torres de transmissão da Funtelpa. Em sua cobertura, o jornal utiliza palavras como matadouro, carnificina, até genocídio (esta última atribuída ao senador Álvaro Dias) para caracterizar o atendimento no hospital, enlameando a conduta profissional dos técnicos do hospital. Utiliza-se também de dados falseados e (mal) manipulados, para imprimir um tom mais dramático no acontecimento. Levanta acusações levianas, onde suposições tornam-se fatos para em seguida virarem escândalos. Qual o objetivo deste grupo? Determinar como causa mortis dos bebês a composição política que derrotou seu candidato de coração nas eleições estaduais e encerrou seu ciclo monopolístico sobre as verbas de publicidade estatais.

Noutro, o jornal concorrente, que explora o assunto de forma a caracterizar a gestão da fundação como responsável pelas mortes. Gestão esta que, esclareçamos, foi engolida a contragosto pelo grupo político ao qual o jornal está ligado, em função das diatribes praticadas pelo antigo diretor. Diretor este que emprestou sua voz para que o jornal desqualificasse a gestão atual, devidamente defenestrada.

Um terceiro pólo concentra os interesses de uma entidade de classe, o sindicato dos médicos, historicamente ligado ao PCB/PPS. Com o objetivo de coesionar sua base social ás vésperas de uma eleição, onde seu presidente, o médico Waldir Cardoso sairá candidato a vereador, o sindicato levantou as denúncias e criou as condições para que o circo fosse armado. No tempo hábil, Waldir Cardoso sai de cena pra não ser enquadrado por propaganda extemporânea. Principal bandeira dos médicos: vencimento base de 7.500 reais. Justo, né? Mas não pensem vocês que nossos ilustres doutores trabalharão jornadas de 44 horas semanais.

No quarto pólo temos o Ministério Público, querendo desancar o governo por ter ousado questionar os repasses orçamentários a estes poderes. Ministério Público que, leniente por décadas no exercício de sua função institucional, hoje se arvora em ser o defensor. Pergunto-me onde esteve o nobre parquet quando da municipalização da saúde, que destinou à esfera municipal a atenção básica em saúde? Não sabia o nobre parquet que dezenas de prefeituras não dispunham sequer de um posto de saúde próprio quando foi municipalizada a saúde? Onde esteve o MP quando as doações de dezenas de ambulâncias era a política de saúde do governo do estado?

Neste meio, ainda temos CRM (cuja idoneidade é risível, haja vista a homenagem ao prefeito “oftalmologista” em seu aniversário), Associações de Médicos e parlamentares beneficiados pelas doações de ambulâncias.

Neste redemoinho que se tornou o debate público sobre o imbróglio Santa Casa, acho que a voz mais saudável e com pé na realidade foi a das médicas da Sociedade Paraense de Pediatria, onde apontaram causas reais, problemas reais, apontaram soluções reais e respeitaram a integridade dos profissionais do hospital e a integridade das famílias vitimadas pela fragilidade do sistema público de saúde no Brasil. Infelizmente, foi a que teve menos repercussão, afinal não defendeu interesses politiqueiros. Afinal, estamos em ano de eleição, não é mesmo?

Poster disse...

Anônimo das 11:35,
A questão não é tanto de dinheiro. É de gestão mesmo. Por isso é que a Santa Casa se transformou no que vemos hoje.
Abs.

Poster disse...

Anônimo das 17:03,
A "verdade" oficial sempre é cara. Caríssima.
Abs.

Poster disse...

Marcelo,
Piores do que a insensibilidade da propaganda, só mesmo as insensibilidades que levaram às mortes dos bebês.
Abs.

Poster disse...

Anônimo das 22:30,
Vocês faz colocações que valem um bom debate.
O blog vai postar seu comentário na manhã desta quarta.
Abs.

Anônimo disse...

Votem no PT, é a solução!!!!!!!!!