Na FOLHA DE S.PAULO:
Em claro recado à Venezuela e ao Equador, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, afirmou ontem em Brasília que as fronteiras dos países não podem servir de refúgio para atividades terroristas e cobrou responsabilidade na luta contra grupos organizados que "matam pessoas inocentes".
"Fronteiras são importantes, mas as fronteiras não podem se tornar meios pelos quais terroristas se escondem e se envolvem em atividades de matar civis", disse, sem citar diretamente a Venezuela e o Equador, em cujos territórios há a presença das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Os governos dos dois países são acusados por Bogotá de ter ligações com a guerrilha.
As Farc são classificadas como grupo terrorista pelos EUA e pela União Européia. O Brasil, como os demais países da América do Sul, evita a classificação.
"Há, afinal de contas, uma resolução das Nações Unidas em que todos os países se comprometeram a fazer tudo o que puderem para prevenir terroristas de utilizar ativamente seus territórios ou financiar o terror", afirmou Rice. Segundo ela, os EUA esperam "que todos os países responsáveis assumam essas obrigações".
O combate sem fronteiras a organizações terroristas faz parte da chamada Doutrina Bush, elaborada após os atentados do 11 de Setembro. Foi com base nessa doutrina, base da "guerra ao terror", que os EUA atacaram o Afeganistão e invadiram o Iraque.
A secretária norte-americana conversou tanto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Planalto, quanto com o chanceler Celso Amorim, no Itamaraty, sobre a crise aberta na América Latina depois que a Colômbia bombardeou um acampamento das Farc em território do Equador.
Colômbia e Equador selaram a paz numa reunião na sexta-feira passada na República Dominicana, mas continua em pauta a questão das Farc.
Uma comissão da OEA (Organização dos Estados Americanos) analisa a crise e prepara um relatório que será discutido na próxima segunda-feira, em Washington, por chanceleres da instância. Rice deve comparecer à reunião.
Ontem, ela afirmou que seu governo se preocupa com a tensão envolvendo a Colômbia e elogiou a atuação do governo brasileiro ao longo das negociações: "Estamos obviamente muito preocupados com a situação que veio à tona na região e apreciamos bastante os esforços que o presidente Lula e outros líderes da região fizeram para atingir a reconciliação e diminuir tensões."
Os EUA, aliados de Bogotá e financiadores do Plano Colômbia, de combate às Farc e ao narcotráfico, foram os únicos países do continente a apoiar a ação da Colômbia em território equatoriano. Os demais condenaram a violação do território do Equador -o princípio de inviolabilidade do território foi reafirmado pela OEA.
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