Houve um pequeno momento de descontração durante a audiência de ontem, na 3ª Vara da Justiça Federal, no início do interrogatório dos denunciados por vários crimes - inclusive fraudes em licitação - descobertos pela Operação Rêmora.
Num dado momento, e depois de ter respondido demoradamente a dezenas de perguntas do juiz federal Leonardo Aguiar, o ex-presidente do Ipasep, Antônio Fontelles de Lima, que acusado do crime de formação de quadrilha, pediu vênia e informou:
- Excelência, eu gostaria de lhe dizer que sou gago – disse ele, singelamente e gaguejando.
- Não há nenhum problema – mostrou-se compreensivo o juiz.
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Teve outro momento engraçadíssimo.
Foi quando o ex-auditor fiscal do Instituto Nacional do Seguro Social (NSS) Antônio Lúcio Martin de Mello confirmou que, quando era servidor da autarquia, já tinha uma sala no Edifício Antônio Velho, centro de Belém, onde também funciona escritório de contabilidade de parentes seus:
- Era seu escritório? – indagou o juiz
- Não, não era meu escritório. Era apenas uma sala minha, particular.
- Mas o que o senhor fazia lá?
- Eu orientava, explicava, tirava dúvidas de pessoas que me procuravam para me consultar sobre legislação previdenciária – respondeu o ex-auditor.
- Mas o senhor cobrava honorários?
- Não, Excelência, nunca cobrei de ninguém.
Todo mundo achou isso engraçado. Mas ninguém, é claro, deixou transparecer que achou engraçado.
Martin responde por três crimes: formação de quadrilha, falsidade ideológica e sonegação previdenciária. Foi um dos dez que tiveram a prisão decretada pelo juiz federal Rubens Rollo D'Oliveira, que autorizou a Operação Rêmora. Mas não foi preso porque fugiu. Passou mais de cinco meses sem deixar rastros. Quando voltou, foi demitido do INSS por abandono de emprego.
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Outro momento engraçadíssimo, protagonizado pelo mesmo Antônio Lúcio:
- O senhor conhece Chico Ferreira? – pergunta-lhe o juiz.
- Conheço. Há muitos anos. Desde a década de 90. Chegamos até a ser sócios por uns dez meses. Só tive prejuízos nessa sociedade.
- Ele era seu amigo?
- Era.
- O senhor sabia que ele era dono ou sócio da empresa Clean?
- Não. Eu nunca soube disso. Só fui saber pela Imprensa, quando houve tudo isso (a Operação Rêmora).
De novo, todos acharam engraçado. Mas todos fizeram de conta que não acharam.
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Mais um momento de descontração.
O dono da Brasil Service, Antônio Ferreira Filho, disse que não tem e nunca teve conhecimento de que a empresa Amazon Construções e Serviços Ltda., pertencente a Fernanda Wanderley de Oliveira, sua atual companheira, tenha apresentado documento falso – uma licença ambiental com o número de licença da própria Brasil Service - para ganhar licitação na Universidade Federal do Pará (UFPA).
- Até mesmo em casa, nós (Ferreira e a companheira) não discutimos assuntos de negócios – informou o depoente, após confirmar que as instalações prediais da Brasil Service, durante algum tempo, também foram ocupadas pela Amazon.
Pela terceira vez, todos os que estavam na sala de audiência fizeram ar de que não acharam engraçado. Mas acharam.
Antônio Ferreira Filho é processado por formação de quadrilha, falsidade ideológica e pelo crime de frustrar o caráter competitivo em certames licitatórios.
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