segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Debate consagra mulheres e exibe Bolsonaro descontrolado, Lula esquivo e Ciro, apenas previsível


Simone Tebet contundente.
Soraya Thronicke surpreendente.
Bolsonaro descontrolado.
Lula hesitante e esquivo.
Ciro Gomes previsível.
Luiz Felipe d'Avila coadjuvante.
Em linguagem telegráfica (para os que conheceram a era do telegrama, é claro), assim poderia ser resumido o debate dos presidenciáveis na Band.
Simone Tebet, a candidata do MDB, fez o que muitos esperavam que Lula viesse a fazer: bateu em Bolsonaro com mais contundência, sobretudo quando se referiu à trágica gestão do candidato do PL durante a pandemia. E tanto é assim que tirou o Capitão do sério.
Soraya Thronicke, a juízo do Espaço Aberto, foi a grande surpresa da noite. É que a senadora elegeu-se na onda bolsonarista. E integrou a bancada de apoio a Bolsonaro até participar da CPI da Covid, quando começou a dissentir um pouco dos fanáticos bolsonaristas. Mas ontem, ela bateu firme em Bolsonaro - quase na mesma intensidade que Simone - e chegou, vejam só, até mesmo a mencionar o termo tchutchuca, empregado recentemente por um youtuber que chamou o presidente de Tchutchuca do Centrão.
A partir daí, Bolsonaro descontrolou-se. Até porque esse momento coincidiu com a pergunta em que a jornalista Vera Magalhães - odiada pelo presidente e seus fanáticos seguidores -, mesmo sem mencionar Bolsonaro, forçou-o a vestir a carapuça e exasperar-se, a tal ponto de ofender, de uma só vez, tanto a senadora emedebista quanto a jornalista.
Inocência e absolvição - Lula, que vinha de uma boa performance no JN, pareceu meio que nas cordas diante da conduta agressiva de Bolsonaro no quesito corrupção. Chegou a ser chamado de ex-presidiário e, em dado momento, disse que foi "absolvido" das acusações de corrupção pelo Supremo.
Conviria que os juristas do PT sentem com Lula e o orientem para evitar a dizer isso. Porque dizê-lo custa ao petista muito desgaste, como se viu ontem. É que Lula, inequivocamente, indesmentivelmente e inapelavelmente, é inocente, ou melhor, continua inocente de todas as acusações que lhe fazem sobre a roubalheira na Petrobras. Mas as decisões do Supremo não o absolveram. O STF anulou os processos em que Lula tinha sido condenado. Mas essa anulação não significa que o petista tenha sido absolvido. Neste contexto, inocência e absolvição são coisas diferentes. Por um motivo simples, que qualquer leigo poderá entender: se os processos foram anulados, é como se ele nem tivesse sido julgado. Se não foi julgado, como poderá te sido absolvido?
No mais, Lula teve todas as chances do mundo para reagir com mais contundência e tirar Bolsonaro ainda mais do sério, desmascarando sua aura de incorruptível. Bastaria lembrar os escândalos de corrupção na compra da vacina, no MEC e na prática de rachadinha, em que uma das ex-mulheres do presidente já comandou o esquema.
Ciro Gomes, o pedetista, fez o que todos sabíamos que iria fazer: tentou manter-se como o homem da conciliação entre os dois extremos - Lula e Bolsonaro. E ainda acabou levando um invertida quando, ao criticar o presidente pelo tratamento misógino que reserva às mulheres, ouviu de volta que ele próprio, Ciro, também já fez referência machista à sua ex-mulher Patrícia Pillar. Há 20 anos, Ciro disse que o “papel principal” da atriz era “dormir com ele”.
Por fim, Luiz Felipe d'Avila foi o coadjuvante de luxo, digamos, da noite do debate. Fez boas asssitências a Ciro, para que o pedetista criticasse Lula e Bolsonaro, e entreteve-se fazendo a apologia ao liberalismo sem fronteiras.
Quem ganhou o debate?
As mulheres, sobretudo Tebet.
Que mais perdeu?
Bolsonaro. Lula, se quiserem, também perdeu, mas não tanto como Bolsonaro, que se desgatou exponencialmente, e ainda mais, perante o eleitorado feminino.
E como tudo isso pode traduzir-se em votos?
Sabe-se lá.
Sigamos acompanhando.

2 comentários:

Mirika Bemergui disse...

Bolsonaro sendo Bolsonaro, incompetente, agressivo, descontrolado e MENTIROSO, como sempre foi, gostei do comportamento do #LULA nao entrou na onda agressiva do TCHUTCHUCA...A presença do Cbozo é tóxica e nociva SEMPRE!!

Anônimo disse...

Boa tarde!
Apenas para contribuir com o debate, gostaria de esclarecer que a expressão absolvido mostra-se adequada, pois o processo contra Lula, após anulado, retornou à primeira instância, onde prescreveu, sendo a prescrição uma causa de absolvição sumária prevista no artigo 397, inciso IV, do CPP.