sábado, 27 de agosto de 2022

Na comédia de horrores da Jovem Pan, Bolsonaro vira estadista


Durante vários anos, quando me dirigia ao trabalho, naquele horário de trânsito horroroso de início de tarde, divertia-me ouvindo o programa Pânico durante os 15 ou 20 minutos de deslocamento até o meu destino.
Pois é.
O Pânico era imperdível.
Em 20 minutos, você dava gargalhadas que ajudavam a enfrentar o restante do dia.
Vieram os anos Bolsonaro.
Vieram os anos do obscurantismo, da devastação e da degradação do Brasil.
E assistir ao programa Pânico - ou ouvi-lo pelo rádio - virou um exercício de resistência.
Porque o programa virou um horror.
Virou, em verdade, a comédia de horrores, igualzinho à Jovem Pan, o trombone do jornalismo de direita. O Pânico, tal e qual a emissora que o abriga, virou um covil de fanáticos, de bolsonaristas e negacionistas de todos os quilates.
Eis que Bolsonaro foi ao Pânico desta sexta-feira (26).
Foi divertido assisti-lo. Na Jovem Pan, ele sempre posa de estadista, de moderado, de um observador tenaz de todas as boas etiquetas.
Lá pelas tantas, entra em pauta o tema André Janones, esse deputado maluco que, agora travestido de militante petista, tem feito uma série de loucuras aí nas redes sociais.
Pois observem, no vídeo acima, o que diz Bolsonaro quando confrontado com o teor dos tuítes de Janones.
O candidato do PL deplora o nível das postagens e diz que o deputado nunca teve relacionamento com ninguém no parlamento.
E Bolsonaro, teve relacionamento com quem?
Quando fez sequer um discurso da tribuna?
Que comissões integrou?
Com quem negociou?
Com quem articulou legítima e politicamente?
Ao que se saiba, com ninguém.
Bolsonaro sempre foi ele e ele - ele e suas manias persecutórias, ele e seu fascismo, ele e seu negacionismo, ele e sua homofobia, ele e sua misoginia.
Sempre foi enclausurado em si mesmo. Sempre foi uma ilha.
Bolsonaro reclamando do baixo nível das postagens de Janones é o roto falando do esfarrapado.
É assim mesmo.
Sem tirar nem pôr.

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