segunda-feira, 4 de janeiro de 2016
Chico: o artista admirável e sua imbecilidade ideológica
Olhem aqui, meus caros.
Somos todos fãs, ou melhor, todos não, mas muitos de nós somos fãs do Chico, né?
Somos tão admiradores do compositor, somos tão tietes do artista que nos permitimos chamar Chico Buarque assim - simplesmente de Chico.
O repórter aqui, há uns dez anos, foi especialmente a São Paulo apenas para assistir a um show do Chico, que então voltava aos palcos após prolongado afastamento.
Antes disso, lá se vão uns 20 ou 25 anos, meti-me num show popular no Vale do Anhangabaú, em meio a um desses torós paulistanos semelhantes aos amazônicos - ou belenenses.
Meti os pés na lama, literalmente.
Por que essa, digamos, disposição toda?
Porque Chico era um, dentre tantos outros que estavam lá.
Pois é.
Uma coisa, no entanto, é admirarmos o artista. Outra coisa, completamente diversa, é a postura do cidadão, suas preferências políticas e seus pendores ideológicos.
E não tenhamos dúvida - nenhuma dúvida: como artista, Chico é admirável; como militante ideológico, é deplorável.
Como artista, Chico Buarque merece aplausos. Muitos.
Como militante ideológico, é um imbecil de carteirinha.
Chico Buarque, não raro, personifica e protagoniza uma mistura de covardia moral com um reducionismo ideológico compulsivo que não lhe permite sequer disfarçar as próprias contradições. Porque elas são indisfarçáveis, incontrastáveis, inacreditáveis.
Uma dessas contradições: o mesmo cara dos versos de Apesar de Você ou Meu caro amigo, que abjuravam a ditadura com engenho e arte, é o mesmo que encabeça todos os abaixo-assinados em defesa de ditaduras horrendas, como a de Cuba, por exemplo.
Porque não esqueçam, vocês aí, que todas as ditaduras são horrendas - as de direita, de esquerda, de centro, de centro-direita, de centro-esquerda, todas, enfim, sem tirar nem pôr.
Todas são horrendas, horrorosas e nojentas?
Mas para Chico, não. Ou nem tanto.
Tudo depende. Tudo pode ser relativizado quando se trata de acomodar suas convicções ideológicas. Eis aí a gênese, o sentido, a essência de sua covardia moral.
Essas coisas precisam ser ditas a propósito da agressão sofrida por Chico Buarque, há pouco mais de dez dias, quando saía de um bar no Leblon, no Rio.
Bastou isso para Chico virar, nas redes sociais e fora delas, o queridinho que merece lágrimas de solidariedade, o ofendido que é digno de um abaixo-assinado contra a intolerância, a irracionalidade, o passionalismo, o radicalismo, a fúria direitista.
É?
É mesmo?
Chico terá sofrido na pele o que nunca fez ou o que nunca faria com os outros que pensam diversamente dele?
Nem tanto, meus caros.
Nem tanto.
Olhem os vídeos lá em cima.
Prestem atenção no depoimento do jornalismo Alexandre Garcia, em comentário para a Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, logo depois do incidente entre Chico e antipetistas.
Assistam ainda ao vídeo em que Jaguar narra como foram as cusparadas de Chico no jornalista, escritor e cartunista Millôr Fernandes.
E por último, mas não menos importante, assistam ao vídeo em que o próprio Millôr apresenta, em pouquíssimas, em resumidíssimas e verdadeiríssimas palavras, uma definição sobre o jeito Chico de ser.
E querem saber mais?
Os ofensores de Chico Buarque são, também eles, uns imbecis, são uns intolerantes, são uns passionais que agem ridiculamente, intolerantemente e passionalmente porque pretendem não debater, mas impor suas convicções, nem que para isso seja necessário dar um tapa ou um soco no oponente, como estiveram a ponto de fazer com o compositor.
E querem saber mais?
Chico Buarque é um monumento à imbecilidade política, à intolerância e ao radicalismo porque ainda cultiva, parece, convicções como os que o levaram a fazer o que fez com Alexandre Garcia e Millôr.
Trocando em miúdos, Chico e seus ofensores se merecem.
Façam bom proveito uns dos outros.
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14 comentários:
Pior do que a discussão foi um dos rapazes dizer após, que nem sabia quem era Chico. Outra coisa né? Uns senhores de 70 anos massacrados por jovens que não viveram os anos de chumbo e com certeza suas famílias não foram incomodadas. Você tem razão ao defender o seu ponto de vista mas, Chico é bem importante para o país do que aqueles garotos pimbudos.
Interessante que a produção musical é quase irrelevante nos 13 últimos anos. Não conheço a literária. Nem pretendo. Mas seria importante fazer um levantamento dos valores da Rouanet.
Caro Anônimo das 03:38,
Recolha a sua insignificância cultural e social, você querer achar que esse senhor de 70 anos, chamado Chico (intolerante e agressivo com as pessoas que possuem opiniões ideológicas contrárias as suas, que o diga Millor e Jaguar, para citar apenas dois conhecidos) é bem mais importante que os garotos agressores é demais. Prefiro concordar com a opinião do Poster, quando diz que eles se merecem.
A petralhada culpa os agressores por serem do Leblom. Mas o que o Chico fazia lá no Leblom?
Chico vive em Paris!
Respeito o artista Chico Buarque; discordo do seu viés político de meias verdades.Não tenho por quê agredir, de nenhum modo, a pessoa.
E pitt-bulls sem miolos não merecem meu respeito.
Se Chico estivesse cantando sertanejo ou funk estaria produzindo muito. Kkkkkkk eu acho que tanto ele, você e eu podemos discordar de tudo. Afinal o SNI deixou de exitir. Aleluia!
Texto perfeito, poster. Sobre a produção, não é quantidade, mas qualidade e realidade.
Só um artista com a qualidade de Chico consegue esses ti ti ti todo. Se fosse a Anita ou a Ludmila não haveria esse "debate". Sem contar que Chico sempre despertou inveja. Não só pela música mas pelos belos olhos.
Engano seu. A Valeska Popozuda teve debate. Sobre olhos, então Hélio de la Peña deve ser galã da bobo.
O blog deveria ser o primeiro a não cair nessa relativização da liberdade de pensamento e expressão. O ataque feito ao cidadão Chico Buarque foi um ato de bárbara intolerância. Não foi uma reação à alguma conduta sua frente aos agressores ou um protesto por posturas que tenha tido no passado. Não foi um ato de auto-defesa dos meliantes, foi uma agressão pautada única e exclusivamente na intolerância frente às opiniões políticas do agredido. A tentativa de relativizar a agressão em razão do agredido ter em algum momento no passado ter cometido este ou aquele erro ( e quem não os comete) faz a delícia dos agressores que agora vêm sua conduta, se não plenamente justificada, no mínimo bem explicada por uma suposta "culpa da vítima". É assim o fascismo se instala sorrateiramente nos corações e mentes, justifica sua violência intrínseca e solapa os mais básicos valores da democracia.
P.S. Se Chico fosse a favor do impeachement e houvesse sido agredido por petistas, qual seria o comentário de Alexandre Garcia ?
O blog não caiu e isso o que vc propõe é censura. Lembra de "Cálice"?
Qual é a proposta de censura ? Por que foi colocada que o jornalista Alexandre Garcia tem uma posição política e pauta suas intervenções por ela , e no caso específico essa posição leva à uma relativização das agressões ? Censura também é quando não se pode mais questionar o que é publicado ou se busca negar que quem publica tem seus interesses. Se for assim, a liberdade de expressão será apenas liberdade de quem tem os meios e o acesso aos meios de comunicação . Alexandre Garcia pode dizer o que pensa, o que não se pode é esquecer que o que ele diz representa interesses muito evidentes e no caso específico muito ruins para a democracia.
o cara que escrevia as musicas od chico buarque morreu tem uns 30 anos....agora ele vive do passado...ou vai dizer q uma "mente brilhante" pediu ferias para escrever outras musicas? isso é uma MALA!!
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