quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Você quer escolta? Torça para sofrer um atentado.

Patrícia: retiram-lhe a escolta por "falta de atentado"
Parece até brincadeira, mas não é.
Ao contrário, a coisa é muito séria.
Seríssima.
E completamente absurda.
Na semana passada, vocês sabem, liquidaram a juíza Patrícia Acioli, quando ela chegava em casa, em Niterói (RJ).
A magistrada andava com escolta.
A escolta lhe foi retirada.
O TJ do Rio disse que, em verdade, propôs a redução da escolta, mas a juíza preferiu ficar sem nenhum segurança para acompanhá-la.
Agora, aparecem evidências - documentais, vale dizer - de que Patrícia Acioli informou ao Tribunal, ao Ministério Público e à Secretaria de Segurança Pública sobre ameaças que voltara a receber e, por isso, indicava que era necessário reforçar a sua segurança.
Volta ao Tribunal e informa uma coisa nova - e inacreditável.
Segundo o TJ, a redução da escolta foi natural, porque se verificou que nenhuma das ameaças feitas contra a magistrada se concretizou, indicando a desnecessidade de manter três ou quatro PMs para protegê-la.
Então, é assim: juiz que se sentir ameaçado e quiser manter sua segurança reforçada tem que torcer para sofrer um atentado e não morrer, é claro.
Só assim, sofrendo um atentado e escapando - ileso ou não - é que o magistrado continuará com escolta reforçada a seu lado.
Ora, isso é uma coisa inacreditável.
É evidente que o Estado não pode, ad eternum, mobilizar policiais para ficarem protegendo agentes do Estado que são ameaçados em decorrência do exercício de suas funções.
Mas o fato de não se concretizar a ameaça de atentado contra qualquer pessoa não pode ser apenas o único critério para que fique desprotegida e, nessa condição, jogada às feras da violência sem controle.
É preciso que a instância que autorizou a escolta disponha de elementos reais, concretos, técnicos para indicar se é necessário reduzi-la.
Do contrário, será estimular outras ocorrências, semelhantes à que ceifou a vida da juíza do Rio.

2 comentários:

Anônimo disse...

É, meu caro blogueiro, no Brasil o que vale é a síndrome da casa arromabada: só depois do roubo é que se põe a tranca. Para ter escolta policial, é preciso, primeiro, morrer...

Maria Pinheiro disse...

No Brasil a sensação que temos é que o crime compensa.Os acontecimentos comprovam esta triste realidade,tanto em São Paulo com a morte da juíza como no Pará com a morte do casal de sindicalistas sem que nem uma autoridade do Congresso Nacional se posicione a favor de que algo tem que ser feito urgente em nosso país.Senão teremos uma desproporcional balança entre o bem e o mal,e aí será tarde, guando de fato sentirmos que o mal é mais forte e maior que os que querem mudar o rumo de onde está indo o nosso Brasil.