quinta-feira, 17 de junho de 2010

Museu do Pentecostes


Segunda-feira, 14, tive a honra de folhear o livro da escritora Cristina Alencar poucas horas após o lançamento. Em "Guia de Museus e Galerias de Arte de Belém", a autora nos traz o rol dessas casas de cultura da cidade e de outros municípios paraenses. É o caso do Museu Municipal Barão de Guajará, na histórica cidadezinha de Vigia. É o caso também do Museu Histórico Nacional da Assembleia de Deus, que, sediado nesta capital, ganha atenção do mundo inteiro por ocasião do centenário de fundação dessa igreja, em 2011.
De 17 a 21 deste mês, a Assembleia de Deus celebrará seus 99 anos de existência. E, no coração desse movimento de evangelização, está o Museu Nacional. Teremos ali a exposição "Primícias do Centenário", sob a curadoria da artista plástica e restauradora Lu Vila. Na ocasião, ocorrerá também o lançamento do site www.museuassembleiadedeus.com.br, que, em cinco idiomas, será uma janela para o mundo.
Os museus constituem espaços vitais para a propagação da cultura e conhecimentos históricos. São também verdadeiras vitrines da caminhada do homem sobre a Terra. Têm o poder de nos ensinar séculos de história num passo de visitação. Nada tem maior poder de síntese.
O Museu Nacional da Assembleia de Deus não foge à regra. Em 30 minutos, você viaja até o início do Século XX. No painel de retrospectiva, visita a efervescente Nova York de 1910 e assiste ao embarque dos missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren no velho navio Saint Clement. Num piscar de olhos, você já os encontra subindo a antiga Rua 15 de Agosto (Presidente Vargas), rumo à Praça da República. O dia é 15 de novembro de 1910.
Um passo à frente, os evangelistas estão hospedados no porão da antiga Primeira Igreja Batista do Pará, na João Balby. Em 18 de junho de 1911, domingo, você os encontra reunidos com outros 19 irmãos na velha Siqueira Mendes, lar do casal Henrique e Celina Albuquerque. Você os encontra jubilosos e cheios de fé. O motivo da reunião: organizar uma pequenina igreja, onde possam servir a Deus com liberdade. Daí para a frente, uma explosão de pentecostes.
Mais alguns passos, e imagens familiares começarão a surgir nas vitrines: antigo templo da 14 de Março, pastor Firmino Gouveia, gente carregando Bíblia, cultos ao ar livre, Mangueirão lotado, antena da Rede Boas Novas, pastor Samuel Câmara... Calma! Olhe para os lados. Você já chegou ao dia chamado "hoje". Você está visitando a exposição "Primícias do Centenário" da Assembleia de Deus. Eis a mágica dos museus.
Museus são lugares de surpresa. Retratos verdadeiros da vida. Sabemos apenas como começamos, nunca o fim, embora sempre agradável. Foi assim comigo - e, acredito, todos - quando visitei o Museu Imperial, em Petrópolis, Rio. Depois de uma fantástica viagem no tempo do Brasil colonial, agora à nossa frente uma sala escura. Negra. No centro, sobre uma base giratória, o objeto mais formidável que meus olhos já viram: uma imensa coroa de ouro, incrustada de gigantescos diamantes. Toda a iluminação provinha dos leds sobre as pedras da glória de Dom Pedro II. De repente, o susto! Um vigilante do tesouro, armado até os dentes, camuflado num canto negro da sala. Coisa de museu.
Assim esperamos boas surpresas na exposição "Primícias do Centenário". Sem necessidade alguma de seguranças ocultos. Até porque nossa maior riqueza é a fé e o poder do Pentecostes, e é Deus mesmo quem nos guarda. Portanto, não se surpreenda se, assim como nossa pioneira Celina Albuquerque, você também for batizado com o Espírito Santo enquanto caminha pelo museu.

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RUI RAIOL é pastor e escritor (www.ruiraiol.com.br)

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