segunda-feira, 17 de maio de 2010

Almir solta a língua e faz previsões. Muitas. Muitíssimas.

Sem brincadeira.
Fora de toda a brincadeira.
Mas foi imperdível – absolutamente imperdível – a entrevista do dr. Almir, no último sábado, ao programa Jogo Aberto, pilotado pelos jornalistas Carlos Mendes e Francisco Sidou.
Dr. Almir, vocês sabem, é o Almir Gabriel, ex-governador do Estado, ex-presidente – ou será ainda presidente? – de honra do PSDB.
É aquele que prometeu sair do partido que fundou, mas até hoje não saiu.
Agora, Almir é o mais franco opositor não apenas de seu ex-pupilo Simão Jatene, mas a tudo o que provenha, de tudo o que tenha origem no PSDB do Pará.
Pois é.
O programa divulgou uma entrevista gravada com Almir.
Entrevista de uns 20 a 30 minutos.
Ele estava com a língua solta, afiadíssima.
“Eu estou é com o juízo afiado”, admitiu o próprio Almir.
Disse mais ou menos o seguinte, em resumo resumidíssimo.
Disse que Dilma Rousseff não é e nem será a candidata do PT à Presidência da República. O candidato, segundo Almir, será o mineiro Patrus Ananias.
“Venho dizendo isso há quatro meses”, reforçou Almir, que previu mais.
Previu que Patrus, por sua condição de ex-ministro do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, que cuida do programa Bolsa Família, já entrará na parada com 20 milhões de votos garantidos, justamente o número de pessoas diretamente beneficiadas pelo programa.
E Jatene, hein, dr. Almir?
E Simão Jatene, o pré-candidato do PSDB ao governo do Estado, hein, dr. Almir?
“Ele está doente. Não chega à convenção”, previu Almir na bucha.
E acrescentou que Jatene “não tem tutano” e “não vai aos municípios”, não vai ao interior em busca de votos.
Ao deparar-se com essas previsões, Sidou, depois da entrevista, ainda tirou um sarro: “Faltou o dr. Almir dizer quem ganhará a Copa do Mundo de 2014.”
O ex-governador debitou na conta de Jatene o fato de o PSDB ser hoje, na opinião do próprio Almir, um partido abúlico, sem disposição, sem ânimo. “O PSDB faz oposição chapa branca”, decretou o doutor.
E o governo Ana Júlia?
“É esquisitérrima essa democracia do PT”, disse o ex-governandor, justificando sua estranheza diante da ausência dos petistas das ruas, da ausência dos protestos públicos do PT, das manifestações contra tudo e todos que não fossem do PT.
Sobrou também para a Vale.
Para a Vale e seu presidente, Roger Agnelli.
Almir contou que, durante seus oito anos de mandato como governador, esperou em vão que a mineradora cumprisse tudo o que prometera ao governo do Estado.
O ex-governador chamou Agnelli de “promesseiro”, disse que ele é um representante dos banqueiros no comando da Vale, garantiu possuir estudos indicando que a Vale é uma das piores empresas na área de mineração e afirmou que, se assumisse o governo, revisaria imediatamente todos os contratos da Vale e das mineradores com o Estado do Pará.
E o seu futuro político, hein, dr. Almir?
E Almir, na bucha: “Ao povo pertence”.
Mas foi claro, objetivo, taxativo: “Não serei candidato ao Senado”.
Almir, segundo disse, aposta mesmo é numa tal de terceira via, reunindo o PR de Anivaldo Vale e o PTB de Duciomar Costa, entre outros partidos.
Ele considerou a ex-governadora Valéria Pires Franco “uma revelação política extraordinária” e disse que não descarta nem a presença do Jader Barbalho do deputado federal Jader Barbalho (PMDB) na engenharia política que ele, Almir, considera a ideal para derrotar Ana Júlia na eleição que vem aí.
Almir atribuiu à insegurança foi fator decisivo para que ele voltasse a Belém, depois de passar dois anos em Bertioga.
Contou que ladrões invadiram sua casa, num momento em que ele se encontrava lá, acompanhado de duas filhas e três netas. “São Paulo está cheio de pilantras. Todo mundo só quer enriquecer”, afirmou o ex-governador.
Ele garantiu que, ultimamente, tem estudado e lido muito, principalmente sobre os países emergentes, como Índia e China.
São tais estudos e leituras que o têm levado a se “reposicionar” sobre diversos assuntos, explicou Almir.
Disse mais: “Tenho 120 projetos para o Estado do Pará, 40 deles novos”.
Este é o dr. Almir.
Ou melhor: este foi o dr. Almir, na entrevista ao Jogo Aberto.
Imperdível.

3 comentários:

Bia disse...

Bom dia, caro Paulo:

não ouvi a entrevista, mas, como sempre, confio no seu relato. E é a partir dele que quero fazer alguns comentários.

A “praga” constante do Dr. Almir sobre a saúde de Simão Jatene não pegou. Pelo que acompanho, ele está em plena forma.

Não sei se Jatene tem "tutano", mas sei que tem inteligência, emoção, simpatia e clareza sobre o Pará hoje e o Pará que queremos. E tem ido sim buscar não apenas votos, mas confiança, entusiasmo e convicção de que podemos ser mais e melhores do que a mediocridade e a desonestidade hoje postas no Governo.

Quanto a Agnelli, surpreendo-me do Dr. Almir só agora acusar que ele é o herdeiro do sistema financeiro na Vale. Afinal, Agnelli saiu da diretoria do Bradesco para a empresa, mostrando que estava cansado de ser a voz do dono e resolveu ser o dono da voz.

Aqui, um reclamo bairrista: São Paulo não é terra de pilantras e se foi a segurança que o fez retornar, sugiro que procure com urgência outra morada, pois Belém é o novo caminho da rota do tráfico, o estranho boom imobiliário assusta pela possibilidade de ser lavagem de dinheiro e a nossa juventude está refém de tudo isto.

Quanto ao seu futuro político, não faço nenhuma aposta. Prefiro rememorar seu passado honroso como médico sanitarista, como Secretário de Saúde, Prefeito de Belém, Senador, Governador do Pará por duas vezes. E lamentar profundamente que ele não tenha mais compromissos com esta biografia.

Abração, Paiulo.

Anônimo disse...

O dr. Almir merece respeito pelo seu passado político e pela lucidez que demonstrou na entrevista ao Carlos Mendes. Disse o que o PSDB não quer ouvir, isto é, que é uma oposição chapa branca.
Meus votos de congratulações à Rádio Tabajara por ter feito a eentrevistaa e ainda pela excelente radionovela "Roda do Poder". Criatividade e sarcasmo em uma perfeita simbiose.

Anônimo disse...

Lamentável ocaso, sem respeito pela parte honrosa, preferindo destilar ódio e pragas sem eco.
Tá doidinho pra ser, novamente, humilhado como anteriormente.