A percepção, em círculos restritos – e ponham restrito nisso – do governo Ana Júlia é o de que, removidas algumas resistências, a aprovação do empréstimo de R$ 366 milhões pela Assembleia Legislativa estaria no papo.
Ou quase no papo.
Ou seria quase favas contadas.
Mas há petistas – e estes sim, compõem um círculo amplo, muitíssimo amplo – acreditando que os companheiros do circulozinho, o restrito, são daquele tipo do otimista que torce pelo Íbis.
O Íbis, vocês sabem, é tido como o pior time do mundo. Mas se for enfrentar o Manchester, é possível até que ganhe. Vai que o juiz expulse uns três do time inglês, por exemplo; só assim o Íbis poderia ganhar, não é?
Pois é.
É assim, mais ou menos, que os petistas que não desgrudam de núcleos, de nichos muito pequeninos do governo Ana Júlia encaram as possibilidades da aprovação do empréstimo.
No caso, o Íbis seria o próprio governo.
E o Manchester, a Assembleia Legislativa.
Pelo sim, pelo não, o que os petistas que têm uma percepção, digamos, mais apurada da realidade não conseguem entender direito é por que motivo, afinal das contas, o governo Ana Júlia reluta em fazer exatamente o que os deputados pedem.
O que é que eles pedem?
Não pedem nada de imoral.
Nem de ilegal.
Nem que engorde.
Pedem apenas que o governo seja transparente e, afinal, diga em quê, quando, onde e como pretende aplicar os R$ 366 milhões.
Ainda que tecnicamente o governo não esteja obrigado a isso, já que os recursos seriam de livre utilização, não seria de bom bom, não seria racional e razoável que o Palácio dos Despachos demonstrasse o que pretende, afinal, fazer com o dinheiro?
Se fizesse isso, seriam removidas várias resistências.
Talvez fossem removidas, melhor dizendo.
De qualquer forma, o jogo está posto: é o Íbis contra o Manchester.
E o estádio onde a peleja – como diriam os coleguinhas de antigamento – será não é o belo estádio do Manchester (aí na foto).
Não.
O estádio, o palco é a Assembleia Legislativa.
A conferir.
2 comentários:
Grande Paulo,
O líder do governo, deputado Airton Faleio, falou nesta quarta-feira (24) que o governo está elaborando uma planilha (só agora quando o projeto já está na Casa?) detalhando onde será aplicado cada centavo dos R$ 366 milhões. E Faleiro disse mais: que grande parte desse dinheiro vai para Cosanpa e Cohab, órgãos comandados pelo PMDB. Agora, o projeto ainda está na Comissão de Constituição de Justiça, liderada pelo tucano Bosco Gabriel. Ainda não houve nenhuma reunião da comissão neste ano. Lembra que a tropa de choque do governo esteve no início da semana afinando o discurso com a bancada do PT. Acho que você deu isso no blog.
Convenhamos, a leitura desse jogo que a oposição faz pode seguir a mesma linha de leitura que se faz com dados e estatísticas. Usa-se apenas as peças convenientes. Põe número aqui, esconde número "prali" e pronto, chega-se a brilhante conclusão que se quer. A oposição poderia ter, se é que não tem, todos as informações do mundo sobre o projeto e a aplicação dos recursos, que tensionaria do mesmo jeito, usando outros argumentos, outras peças, outros dados. Vai ter planilha? Vão achar incoerências. Se estiver irretocável, vão dar outra justificativa qualquer para evitar a aprovação o quanto puderem. Não é assim?
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