No AMAZÔNIA:
A capela do Senhor Bom Jesus dos Passos, também conhecida como Capela Pombo, localizada na travessa Campos Sales, no centro comercial de Belém, está à venda. O anúncio foi publicado sábado, 6, no caderno 'Classificados', de O LIBERAL e pegou de surpresa alguns católicos da Região Metropolitana de Belém.
Pequena, deteriorada pelo tempo e espremida por casarões antigos, a capela poderia passar despercebida. Mas, com a sua única porta sempre aberta, ela se tornou parada obrigatória para muitas pessoas que trabalham ou passam pelo centro. Além disso, o local, construído há mais de 200 anos, foi projetado, segundo alguns pesquisadores, pelo arquiteto italiano Antônio Landi, o que reforça a sua importância histórica.
'Não há comprovação, não há documentos. Há relatos e comparação com outras obras, atribuídas à ele (Landi). Dá para acreditar pelas características, pela relação do arquiteto com o proprietário do imóvel e pelo período que ele foi feito', explicou o arquiteto Domingos Sávio de Castro Oliveira, de 44 anos, que apresentou trabalho sobre a Capela Pombo durante o seu Curso de Especialização do Patrimônio Artístico de Landi, do Fórum Landi, vinculado à Universidade Federal do Pará.
O proprietário da capela, José Augusto Pombo, espera receber R$ 1,2 milhão pelo prédio, que mede 7 metros de frente e 37 de fundos. 'O prédio em si não sei quanto valeria, o que vale é o valor histórico, por ser uma obra de Landi. É uma obra que tem mais de 200 anos. E Landi é o arquiteto que marcou época no Pará e no Brasil', argumenta o proprietário.
José alega não ter mais condições de manter a preservação do espaço e, por isso, resolveu se desfazer do imóvel. 'Está chegando a um ponto em que aquilo está ficando destruído. Eu não tenho como restaurar. Se eu deixar o prédio se deteriorar, a porrada será muito maior em cima de mim. Eu não tenho condições de manter, sou aposentado, vivo da minha aposentadoria', disse.
As imagens sacras que hoje se encontram no local não pertencem ao aposentado. Mas ele revela que existem duas imagens, uma de Nossa Senhora da Conceição e outra de São João Batista, de cerca de 200 anos e um metro de altura, cada uma, que estão guardadas com a família. Quem se dispor a pagar o preço que ele pede, afirma José Augusto, leva também as duas relíquias. 'Ela (capela) não é tombada. Nunca foi. Se, por acaso, eu começar a fazer obra, o patrimônio histórico vem em cima. Se cair, o patrimônio histórico vem em cima de mim e diz que tenho que restaurar', disse. Mesmo sendo católico, José Augusto Pombo afirma que não fica triste quando pensa em se desfazer de seu patrimônio. 'Não me apego a essas coisas materiais', argumenta.
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