No Página Crítica, de Aldenor Jr, sob o título acima:
Almir Gabriel desembarcou. Depois de 21 anos, disse adeus ao PSDB, partido que ajudou a fundar e liderou, no Pará, com mão de ferro por duas décadas.
Sua saída, entretanto, não chegou a ser uma surpresa. Era irrespirável o clima entre ele e Simão Jatene, finalmente sagrado, com direito a alguma pompa e relativa circunstância, candidato da tucanada à sucessão de Ana Júlia (PT). Mais do mesmo, o convescote tucano deixou no ar uma sensação de déjà vu. Afinal, nada mais cafona que aquela profusão de balões e camisas de um amarelo escandaloso.
Só mesmo a carta de Almir, publicada no Diário do Pará de hoje, em mais um excelente furo da jornalista Rita Soares, para quebrar a pasmaceira em que se transformou a política paraense, cachorro que insiste em perseguir o próprio rabo. De tudo que disse, o ex-governador deixou no ar uma denúncia grave: o veto ao seu nome não teria partido apenas das lideranças locais do partido. Não, ele foi rejeitado por outras gentes, mais poderosas e muito bem-posicionadas. É o que se depreende da seguinte e (nada) enigmática frase: "Pressinto e lamento, principalmente, a rendição ao atual representante exibicionista do Bradesco na Companhia Vale do Rio Amargo, somada ao governo egocêntrico de São Paulo, "territorializando" a recolonização da gestão pública no Pará (...)".
Ponto. Mais claro impossível. Almir revela que dois grandes "eleitores", por trás de todos os panos, resolveram a parada na disputa entre os tucanos paraenses: Roger Agnelli, o poderoso chairman da Vale e o irritadiço José Serra, governador de São Paulo, ambos apresentados como autoridades neocoloniais a ditar suas vontades sobre um PSDB "dividido e agachado".
Mais não disse - e parece que não lhe foi perguntado. É uma pena. A história encoberta dessa rinha turbulenta deve possuir muitos outros lances que precisariam ser de conhecimento público. Até porque, no final das contas, será o dinheiro público que sustentará o brilho de mais esta ópera bufa.
3 comentários:
Alguém aí apurou se a desfiliação de Almir está oficializada no TRE? Se estiver,o ex-governador não poderá disputar as eleições de 2010, em situação análoga a do Governador Arruda, do Panetonegate. Para participar do pleito, o candidato precisa estar filiado há pelo menos um ano. Mesmo que Almir filie-se novamente ao mesmo partido, acho que prazo válido seria o da filiação mais recente, o que impossibilitaria uma candidatura. Se não houve desfiliação no TRE, isso tudo é uma grande palhaçada, um grande teatro, e todos nós caímos como patos.
Boa noite, caro Paulo:
Não conheço, se houve, lances ocultos dessa rinha, como a chama o Aldenor. Mas participei do jogo aberto, na primeira rodada, há meses, quando Dr. Almir chamou alguns companheiros do partido para comunicar sua decisão em apoiar Mario Couto como candidato a governador.
Numa noite que eu gostaria que jamais houvesse existido, ouvi argumentos insuportáveis na defesa de uma candidatura que ninguém jamais colocara em pauta.
Argumentos insuportáveis porque calcados em avaliação egocentrica e, por isso, errônea, da derrota eleitoral, solidificados em rancor exasperado e absoluta falta de condições de diálogo. Sua bandeira era que tinha que haver um responsável pela derrota e este era Simão Jatene. Aliás, naquela noite fomos chamados não para sermos ouvidos, mas comunicados.
Das seis pessoas “comunicadas”, cinco manifestaram-se surpresas e contrárias à orientação do Dr. Almir. Sem julgar as qualidades ou defeitos do seu candidato, argumentávamos que a coesão do PSDB, sua unidade nestes três anos, deveram-se a Simão Jatene, além de todas as memórias de 20 anos de companheirismo partidário, solidariedade e lealdade que foram para ele rememoradas. Foi desagradável, mas necessário, lembrá-lo, inclusive,
que ele havia decidido soberanamente sair do Pará, abandar-se desta terra onde se sentira “rejeitado”.
Reservo-me o direito de lembrar esta conversa, repetida depois nos mesmos termos com os deputados estaduais e outros colaboradores do partido, onde ninguém foi alertado para qualquer conspiração. Ninguém foi chamado a discutir ou avaliar suspeitos compromissos. E todos reiteraram ao ex-governador a decisão de não acompanhá-lo na sua saga pessoal.
Assim, neste novo processo do “Eu acuso”, “Eu suspeito”, suspeito eu é que tenha sido o velho tempero: um rançoso molho de uma cruzada doentia com a qual Dr. Almir abraçou-se, por não ter conseguido convencer nem impor seu rancor imperial. Aguardemos os fatos. Vamos esperar a entrevista tão anunciada.
Repito aqui o que já escrevi: o respeito que Dr. Almir sempre me mereceu, ele o terá, pelo passado. No presente, lamento que ele não honre a própria biografia. Se ele não o faz, sinto-me desabrigada de fazê-lo.
Um abraço.
Muito bem bia.Concordo em genero,numero e grau com a tua opinião.
Deputado Estadual que não é do PSDB,mas que apoiará Simão Jatene.
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