domingo, 23 de agosto de 2009

Violência condena jovens à morte no Pará

No AMAZÔNIA, por AVELINA CASTRO

Cerca de 900 adolescentes e jovens com idade entre 12 e 18 anos deverão morrer, no Pará, vítimas de homicídio, nos próximos sete anos. A projeção é do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), um estudo inédito feito pela Ong Observatório de Favelas em conjunto com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj). A pesquisa avaliou o risco de morte em todas as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes. Quatro municípios paraenses foram analisados e apresentaram uma projeção de 896 mortes por homicídio nessa faixa etária e período.
O Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) utiliza como metodologia a análise por grupos de mil pessoas, e demonstra o número de adolescentes que, tendo chegado à idade de 12 anos, não alcançará os 19 anos, porque será vítima de homicídio. Ou seja, estima o número de homicídios que se pode esperar ao longo dos próximos sete anos (na faixa etária de 12 a 18 anos) se as condições não mudarem, se políticas públicas e ações eficazes não forem implementadas para reverter esse quadro e melhorar a vida desses meninos e meninas de todo o país.
Segundo consta na pesquisa, os homicídios representam 46% das causas de morte dos cidadãos brasileiros dessa faixa etária (12 a 18 anos). A maioria dos homicídios é cometida com arma de fogo. O trabalho demonstra que a probabilidade de um adolescente ou jovem do sexo masculino ser assassinado é quase 12 vezes maior que do feminino. O risco também é quase três vezes maior para os negros em comparação aos brancos.
O estudo avaliou os 267 municípios do Brasil com mais de 100 mil habitantes e chegou a um prognóstico nacional alarmante: a estimativa de que mais de 33 mil adolescentes sejam assassinados entre 2006 e 2012, se não mudarem as condições que prevalecem nessas cidades.
No Pará, o ranking do IHA ficou assim: Marabá (5,19), com projeção de 185 mortes; Ananindeua (2,77), com 228 mortes; Marituba (2,18), com 35 pessoas; e Belém (2,07), 448 mortes. A capital paraense aparece com um número maior de mortes que os demais municípios porque a análise é feita com base na população, e como Belém é a cidade mais populosa das quatro pesquisadas, possui também uma projeção maior para o número de mortes, embora o seu índice (IHA) tenha sido o menor dos quatro municípios pesquisados (2,07).
No entanto, a situação em Belém não é nada confortável. No conjunto dos 267 municípios com mais de 100.000 habitantes, o valor médio de vidas de adolescentes perdidas por causa de homicídios foi de aproximadamente 2 para cada grupo de mil adolescentes de 12 anos. A capital paraense ficou um pouco acima, com 2,07. Porém, segundo o sociólogo e pesquisador paraense, Patrick Passos, do Observatório de Favelas, em países desenvolvidos, onde o nível de urbanidade é bem melhor que no Brasil e também onde adolescentes e jovens têm mais acesso (e mais qualidade) à educação, saúde, esporte, lazer, justiça, entre outros direitos fundamentais, o índice é bem próximo de zero.

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