No AMAZÔNIA:
Prestes a se filiar no Partido Verde (PV), a senadora Marina Silva foi recebida ontem em Belém pelos dirigentes locais do partido com coro de 'Marina presidente'. Ela não confirmou a data de filiação, mas diz que se sente honrada com o convite do PV, não apenas de integrar a legenda, mas de ser a candidata às eleições presidenciais de 2010. Marina também não confirma a candidatura, mas dá a deixa: 'Se aqueles que são candidatos desde pequenininhos não dizem que são, por que eu, que estou chegando agora a esse novo cenário, devo falar?', disse ela. Com a saída do Partido dos Trabalhadores (PT) oficializada depois de 30 anos de militância, Marina também não poupou críticas ao presidente Lula sobre a forma como o governo lida com a questão amazônica. 'A falta de políticas sérias em defesa da Amazônia é histórica, vem de vários governos, e o presidente Lula foi igual a todos os outros no trato com a Amazônia', disparou.
Outro nome que também mereceu crítica de Marina Silva foi o de Mangabeira Unger, o ex-ministro de Assuntos Estratégicos de Lula, que, na avaliação de Marina, 'desconstruiu a política implantada por ela a muito custo no governo para reduzir o desmatamento na Amazônia', disse ela, referindo-se aos sete passos do 'Programa Amazônia Sustentável' do ex-ministro que, entre outras medidas, propôs que propriedades de até 1.500 hectares sejam regularizadas sem licitação, o que Marina considera como mais uma porta para o desmatamento. 'Da forma como a medida foi sancionada significa dar o direito sobre 67 milhões de hectares da Amazônia a muitas pessoas que não necessariamente a população local, mas aqueles que chegam para se aproveitar da exploração ilegal dos recursos da floresta. Vejo a medida como um grave prejuízo para o esforço de manter em pé a floresta amazônica', afirma a senadora.
Ela repetiu o que já havia dito sobre a saída do PT, afirmando ter sido uma decisão que exigiu dela muita coragem. Sobre sua passagem pelo Ministério do Meio Ambiente, ela afirmou que sua política para diminuir o desmatamento alcançou índices de 57% de redução em seu período como ministra, mas as demais políticas de preservação ambiental e de melhoria das condições das populações locais não tiveram eco no governo, que priorizou os interesses do capital privado.
Embora tenha afirmado que a política ambiental não deve ser uma ação apenas de um partido, Marina declarou que o PV está mais preparado para lidar com a dura batalha que precisa ser travada em defesa da Amazônia. 'Nossa região é que mantém o equilíbrio do Planeta e é a esperança para a questão da água, mas precisa ter preservadas suas florestas e suas 20 bilhões de toneladas de água. Nesse número estão incluídos os 26% de toda a água potável do Planeta Terra. Não são poucas as razões para defender a Amazônia', ressaltou a senadora, que foi a primeira ministra do Meio Ambiente do governo Lula, apontada pelo jornal britânico 'The Guardian' como uma das 50 pessoas capazes de salvar o Planeta, mas ainda assim foi substituída ano passado por Carlos Minc.
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