quarta-feira, 8 de abril de 2009

Castigo sem fim

No AMAZÔNIA:

Alunos e professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental Carlos Drumond de Andrade, localizada no bairro da Cabanagem, na Região Metropolitana de Belém (RMB), pararam suas atividades no início da tarde de ontem para exigir providências da Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) sobre as obras de pavimentação das duas ruas. Segundo a direção da escola, o prefeito de Belém, Duciomar Costa, começou a obra durante a campanha eleitoral de 2008 e após o resultado que confirmou sua reeleição, abandonou as ruas do bairro, entre elas aquelas que ficam às proximidades da escola.
De acordo com professores e os próprios alunos da instituição, o período de chuva tem trazido ainda mais problemas para quem quer frequentar a sala de aula e não pode, em razão do lamaçal em que se transforma a rua. 'Não podemos chegar nem perto da escola. A piçarra vira lama, tudo enche e só nos resta ficar em casa, perder aula e torçer para que não sejamos prejudicados com as faltas', reclama a aluna Kassilene Pontes Gomes.
O professor Célio Martins disse que a prefeitura não aparece na área desde o resultado das eleições. Ele diz que quando chove os alunos não comparecem e o trabalho dos professores se torna ainda mais difícil. 'Quando chove enche tudo e ninguém pode entrar ou sair da escola. Não queremos nada demais, só queremos que o prefeito termine o que começou e que venha acabar de pavimentar a rua', reivindica o professor.
Ainda segundo Célio, a direção da escola optou por não enviar ofício solicitando o término das obras no entorno da escola porque o descaso do poder público com a população é muito grande. 'Não enviamos ofício porque não ia adiantar. Entendemos que a imprensa é a melhor opção de chamar a atenção e resolver esse problema', observa.
Outra professora da escola, Ray Silva, diz que não são só os alunos da Escola Carlos Drumond que têm sofrido com as ruas cheias d’água e sem o escoamento adequado. 'Nessa área da Cabanagem existem umas três ou quatro escolas que estão na mesma situação. O prefeito largou tudo e pronto', reclama a professora.
Estudante da 8ª série, Sheila Simone Souza de Melo conta que já tem muitas faltas na escola e que protestar é a única maneira de garantir o direito à educação. 'Perdi muitas aulas preciosas. O colégio alagou todo. Por isso é importante que nós, alunos, professores e funcionários, protestemos para que as pessoas saibam o que os políticos fazem de verdade', destaca a aluna.
Indignada com a situação, a dona-de-casa Marinalva Silva Costa, mãe de um dos alunos, culpa a prefeitura de Belém pelo abandono que as ruas enfrentam. 'Ele (o prefeito) só começou essa obra para enganar a população. Vim aqui (na manifestação) para me juntar aos alunos e funcionários da escola e perguntar o que é que será feito pelos alunos, pela escola, pelo bairro. Agora que ele foi reeleito, que venha acabar o que começou. Quer voto e depois que tem, some?', questiona dona Marinalva.
Cerca de 600 alunos participaram da manifestação de ontem. Além de reivindicarem a conclusão das obras de pavimentação das ruas da Cabanagem, eles protestaram contra a insegurança no bairro. A Secretaria Municipal de Saneamento (Sesan) informa que pretende dar continuidade às obras no próximo mês de maio.

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