domingo, 22 de fevereiro de 2009

PMs morrem mais em folga

Por AVELINA CASTRO, do AMAZONIA:

A divulgação do número de policiais militares mortos nos dois últimos anos chamou a atenção, sobretudo porque, na maioria dos casos, eles estavam de folga. Em 2007 foram 22 mortos, dos quais 17 estavam fora do plantão; em 2008, foram 17 casos, dos quais apenas três estavam em serviço; e neste início de ano, quatro PMs já foram mortos, todos no momento de folga. Nessa estatística, há situações em que o policial militar foi morto quando estava fazendo 'bico', na maioria dos casos, atuando como segurança. Mas a PM não sabe informar quantas mortes ocorreram nessa situação, embora afirme que foram poucas.
Mesmo assim, essa atividade extra, o 'bico', tem sido bastante utilizada pelos PMs para complementar a renda, o que os coloca em mais uma situação de suscetibilidade à situações de violência - e até morte. O cabo PM Hélio Borges foi eleito membro do Conselho Estadual de Segurança Pública (Consep), na última quinta-feira, 19, e diz que já fez – e faz – 'bico'. 'Eu já fiz e se aparecer uma oportunidade eu faço porque é uma questão de sobrevivência, a gente precisa complementar a renda para poder dar uma vida melhor à nossa família', disse o cabo, acrescentando que ganha R$ 1,2 mil e não possui DAS e nenhum outro tipo de gratificação.
Para o cabo PM Hélio, a chave para solucionar essa problemática de 'jornada extra' está na valorização do policial militar. De acordo com ele, o PM precisa ter melhoria salarial, inclusive com o pagamento de gratificação por tempo integral e dedicação exclusiva. 'Pelo estatuto do PM temos que trabalhar em regime de tempo integral e dedicação exclusiva, mas não ganhamos gratificação para isso', disse o PM, acrescentando que essa será uma das suas bandeiras de reivindicação junto ao Consep.
A escala extra, implantada pelo governo estadual, na qual os PMs podem fazer até oito plantões extras de forma remunerada, segundo ele, não alcança todos os policiais que precisam dessa remuneração extra. Além disso, o pagamento é feito no mês subsequente ao que foi trabalhado. 'Esse pagamento atrasa e há casos em que não é feito corretamente, o que desestimula o policial a fazer a escala extra e preferir fazer o ‘bico’, que ele recebe no mesmo dia em que presta o serviço', disse o policial.

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