No AMAZÔNIA:
Após o corte de mais de 200 funcionários no setor de saúde, a manhã de ontem registrou grandes filas e tumultos em algumas Unidades Básicas e de Urgência e Emergência, em Ananindeua. No Pronto-Socorro Municipal, na Cidade Nova 8, logo cedo, uma mãe precisou discutir com funcionários e enfermeiros para conseguir atendimento para o filho, que sentia fortes dores nas costas e mal conseguia andar. 'Ela já estava há muito tempo na fila e perdeu a paciência. Aqui funciona assim, você só consegue ser atendido no grito', contou a dona-de-casa Selma Pinto, que também chegou cedo ao Posto para tentar pegar uma ficha e presenciou toda a confusão.
Tanto no Pronto-Socorro quanto nas Unidades de Saúde nenhum funcionário aceitou dar entrevista. Todos teriam sido orientados a não fornecer informações sobre o funcionamento dos hospitais após as demissões que atingiram funcionários temporários e comissionados do setor. 'Temos ordem para não falar nada. Só quem vai comentar esse assunto é a assessoria de comunicação. Eles vão receber vocês (imprensa) lá na prefeitura', informou um atendente, sem se identificar, na Unidade de Saúde do Conjunto Cidade Nova 4. Na prefeitura, no entanto, sem poder entrar, a equipe de reportagem aguardou na calçada durante 15 minutos e não recebeu nenhuma informação.
Segundo pacientes, que aguardavam dentro e fora do Pronto-Socorro, pela manhã havia apenas um médico atendendo no hospital. 'Foi a informação que deram para a gente lá dentro', afirmou a doméstica Rosangela Silva, que denunciou também a falta de água na unidade. O abastecimento estaria suspenso desde às 7 horas.
Na Cidade Nova 4 a situação era ainda pior. Por volta das 10 horas, o médico das 9h ainda não havia chegado. Por conta disso, quem conseguiu pegar ficha para se consultar ainda de manhã temia não ser atendido. 'Cheguei aqui antes das sete e não sei se vou conseguir atendimento. Já tinha tentado ontem (quinta-feira), mas não consegui ficha', disse a dona-de-casa Maria de Fátima Valente.
Com 3 mil servidores, entre efetivos, temporários, comissionados e vinculados a programas do Governo Federal, o setor é responsável pela folha de pagamento mais pesada da administração municipal. Enfrentando uma grave crise financeira, há dois meses a Prefeitura não vem conseguindo pagar em dia o salário dos servidores públicos.
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