domingo, 14 de setembro de 2008

Raimundo Ribeiro parte para o ataque

No AMAZÔNIA:

Para o presidente do Remo, Raimundo Ribeiro, o ex-técnico azulino Artur Oliveira é o maior culpado pelo rebaixamento do clube para o recém-criado Campeonato Brasileiro da Série D. Segundo o dirigente, o mesmo profissional que levou o clube ao título paraense desta temporada ainda não tem condições de trabalhar com uma grande equipe. 'Nosso maior problema foi ter vencido o Parazão. Pensamos que tudo estaria bem', disse Ribeiro, que aponta a metralhadora na direção do 'rei': 'O Artur não é treinador. Ele deveria ter ficado do lado da diretoria. Se o Remo tivesse conseguido a classificação, pagaríamos os salários. Tudo estaria bem. Mas ele preferiu jogar baralho com os jogadores no avião, na concentração, chegar atrasado aos treinos, jogar contra o clube.'
Artur Oliveira não foi encontrato para comentar as declarações de Raimundo Ribeiro. Assim que deixou o Remo, o técnico retornou ao Acre. Na sexta-feira passada, ele estava em uma fazenda de sua propriedade, nas proximidades de Rio Branco, sem possibilidade de contato. Além de jogar o peso da queda sobre Artur, Ribeiro, na entrevista a seguir, afirma que é injustiçado: 'O Paysandu também deve salários, mas não falam nada'. O dirigente assegura que o Conselho Deliberativo do Leão não fez questão de ajudá-lo a tirar o clube do fundo do poço: 'Eles deveriam me blindar, mas me deixaram em uma situação complicada'. No entanto, ele acredita que a contratação de 34 jogadores nesta temporada não foi crucial para o aumento da dívida remista, a herança maldita que espera pelo novo presidente - que deverá ser eleito em outubro. Ribeiro apoia o recém-eleito benemérito Carlos Rebelo.

Se o senhor tem sido tão acusado e até ameaçado, por que não aciona o departamento jurídico do Remo?
Nós vamos processar quem fizer isso. Tem um radialista que passa a noite inteira denegrindo a minha imagem como presidente do clube. Isso é para tirar a credibilidade. Posso citar o exemplo da rede Celpa. Ele perguntava o que a diretoria faria com o dinheiro. O cara me chamava de pilantra, ladrão, termos absurdos. Por isso o futebol do Pará está assim. Nós não conseguimos recuperar sócios do clube, ninguém quer pagar o Remo porque acha que estamos colocando dinheiro no bolso.

Onde entra a culpa da diretoria?
Isso é fruto das dívidas, dos bloqueios trabalhistas. Do Paysandu, que tem salários atrasados, ninguém reclama. Ninguém fica alardeando. Por que essa marcação em cima do Remo o tempo todo? Fomos bicampeões paraenses e o Paysandu não passou sequer da primeira fase da Série C no ano passado.

O senhor reclama de uma herança maldita das gestões anteriores, mas ela vai seguir adiante...
Para isso acabar, o clube precisa de gestão profissional, não pode depender de abnegados o tempo inteiro, como nós ficamos. Tem que apagar tudo e começar do zero.

Criticam muito a sua postura centralizadora. Desta forma, o senhor não cai na falta de profissionalismo?
Ano passado, várias pessoas tomavam conta do futebol. Deixei por conta deles, que derrubaram o Remo. Mas, no fim, o culpado é o presidente.

Então, o senhor acredita que sofre de perseguição dos opositores, da imprensa?
O Remo é bicampeão paraense e o tempo todo ficam pedindo a saída do presidente, a renúncia do presidente, como se eu estivesse fazendo alguma coisa escandalosa. Cair, o Fluminense já caiu, Vitória já caiu... Grêmio, Botafogo... São coisas do futebol. Sou o presidente que mais deu títulos ao clube. Mas existe muita vaidade no Remo. Essa falta de união é que prejudica. No Paysandu, todos se uniram para ajudar. No Remo, jogam tudo nas minhas costas.

Essa vaidade continuará com o novo presidente?
Eu acredito que sim. Mas estamos tentando até as eleições antecipadas para facilitar o trabalho do novo presidente. Ele tem que mudar esta situação. Eu não consegui. Com as dívidas trabalhistas, não há presidente que dê conta. Só neste ano, paguei R$ 600 mil, mesmo sem renda. Se pudéssemos vender a sede campestre sem o atropelo da Justiça, sanaríamos este problema.

O senhor pagou parte da dívida, mas contratou 34 jogadores somente neste ano...
A maioria foi contrato de valor pequeno. Mais da metade deles já foram rescindidos. Neste ano, contratamos muito pouco.

O senhor acha pouco 34 jogadores?!
Muito pouco. O clube não tinha jogadores.

O Remo errou com o Bagé, mas acertou com Artur no Campeonato Paraense. Mas seus opositores afirmam que tudo desandou com a volta do Sérgio Dias ao Remo, ao seu lado...
Sérgio nem participou do futebol. Ele ajuda na Federação (Paraense de Futebol). O problema é que o Artur não é treinador. Precisa de mais experiência. Ele foi mais amigo do jogadores. O que derrubou o Remo foi o que ele fez com o time. Quantas vezes empatamos em Belém? Não tenho nada contra o Artur e tentei várias vezes conversar para a gente se unir. Procuramos dar conforto ao time e ele jogou todos contra a diretoria.

O senhor foi pressionado a demiti-lo?
Não, mas a maioria dos conselheiros não queria mais ele. Uma vez, fui à casa dele e disse: “Artur, está ficando insuportável...”

E o que o Artur disse para o senhor?
Que não iria repetir os problemas, mas depois fazia. O grupo ficou daquele jeito porque a demissão do Artur gerou um grande problema.

O senhor acredita que, se o Artur ficasse até o jogo contra o Holando, o Remo teria conseguido a classificação?
Não. O time estava despreparado psicologicamente.

E o Sérgio Papelin, o coordenador de futebol, não lhe repassava isso?
Repassava sim. Mas quantas vezes eu chamei o Artur para reuniões e ele não apareceu... O presidente tem que pagar sozinho por tudo isso? O Artur não tem culpa de nada? Ele foi o principal culpado, teve todas as condições para trabalhar. Não era técnico. Jogava baralho em todo o canto com os jogadores, chegava atrasado aos treinos...

O salário de Artur estava em dia?
Todo mundo estava com salários atrasados. O que a comissão técnica tinha de falar era que a classificação iria ser boa para todos.

O senhor acredita que ele se omitiu de fazer isto, a 'ponte' com a diretoria?
Completamente.

Então, o Artur ficou com o rei na barriga?
Ficou. E muito.

Diante desta situação, o senhor teria de renunciar para antecipar as eleições...
Não há motivo para renúncia! Não tive nenhuma improbidade administrativa. Pelo contrário, sempre botei dinheiro dentro do clube. Ser presidente do Conselho é uma beleza. Em vez de blindar, expõe o presidente a situações difíceis.

Mas até o início do ano passado o balancete do Remo era divulgado na internet. Por que não é agora?
Estamos em dia. Tenho o balanço comigo, na sede.

Você acha que jogaram o Remo na sua mão e olharam o circo pegar fogo?
É mais ou menos isso.

Alguém lucra com contratação de jogador no Remo?
Não. Desconheço isso. É conversa de pessoas que querem atrapalhar a administração do clube.

O senhor se beneficia de alguma maneira com a renda do clube?
Muito pelo contrário. Eu boto dinheiro no Remo.

Quanto o senhor gastou?
Se você for contar desde a outra administração (1993/1994), eu estaria muito bem de vida com o dinheiro que coloquei no clube.

O senhor disse, no ano passado, que era em torno de R$ 1 milhão...
Eu já coloquei em torno disso, mas na administração atual. Na outra, se você for corrigir, dá muito dinheiro. E eu nunca cobrei nada do Remo.

O senhor vai se afastar definitivamente do Remo?
Não, em hipótese nenhuma. O desgaste passa. Até hoje, vou andando. Vou à sede social, ando na rua, resolvo os problemas do clube. Se arrependimento matasse, desde 2007 eu estaria morto. Mas não quero mais trabalhar com o futebol.

Em relação à virada de mesa. Existe esta possibilidade?
Vou conversar com o presidente do Paulista (SP), que está com um grande advogado nesta pesquisa de regulamentos. O Santa Cruz e o Ituano também aceitaram. Pela conversa com os advogados, há possibilidade de termos sucesso nisso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pela posição que o R.R. tenta assumir nessa entevista, fica a impressão de que ele não é o presidente manda-chuva do Remo.
Fica parecendo mais um funcionário subalterno, um office-boy qualquer (com todo respeito aos office-boys) sem autonomia, apenas recebendo ordens.
Seria cômico se não fosse trágico!
Ele, que usou e abusou de agir imperialmente, não ouvindo ninguém, agora posa de tadinho, abandonado.
Para contratar bondes e mais bondes, o fazia ouvindo apenas a sua "trope".
Seu "exército Brancaleone" deu no que deu...
Que o técnico Arthur teve sua parcela de culpa, teve.
Mas a inoperância e a incompetência maiores são suas, R.R.!
Assuma-se!
Já passa da hora de desocupar o lugar!
Acorda Torcida Azulina!

Poster disse...

Anônimo,
Em verdade, antes de Ribeiro assumir, ele já deveria ter saído (rsssss).
Vou postar seu comentário na ribalta hoje à tarde.
Abs.