quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Rússia sacramenta partição da Geórgia

Na FOLHA DE S.PAULO:

A Rússia reconheceu ontem a independência de dois territórios autonomistas da Geórgia, a Ossétia do Sul e a Abkházia, desencadeando duras críticas da União Européia e dos Estados Unidos. O presidente russo, Dmitri Medvedev, disse não ter medo de uma nova Guerra Fria e afirmou que, embora não a queira, caberia agora aos ocidentais evitá-la: "Se querem manter as boas relações com a Rússia, compreenderão as razões da nossa decisão".
O presidente americano, George W. Bush, lançou um apelo para que Medvedev reconsidere o que chamou de "decisão irresponsável" e disse que Moscou "agrava as tensões". Bush também exortou Moscou a respeitar a integridade territorial da ex-república soviética, que os EUA colocaram em rota de adesão à Otan, a aliança militar ocidental.
A decisão de Medvedev se segue ao conflito iniciado no último dia 7, quando a Geórgia invadiu a russófila Ossétia do Sul, desde 1992 sob proteção de Moscou. A Rússia, em resposta, retomou o território e ainda ocupou militarmente parte da Geórgia.
O conflito de seis dias terminou com um cessar-fogo negociado pela União Européia (UE) que na prática equivaleu a uma rendição georgiana. O plano permitiu que Moscou ocupasse uma zona-tampão dentro da Geórgia, junto aos territórios sul-ossetiano e abhkázio.
Anteontem, a Câmara dos Deputados russa, de ampla maioria governista, havia recomendado o reconhecimento da independência dos dois territórios. O sinal de alerta eriçou a UE, que já havia convocado para 1º de setembro cúpula sobre a situação no Cáucaso.
Desde que qualificaram de "desproporcional" a reação russa à operação georgiana do dia 7, tanto os EUA quanto a UE subiram a retórica contra a Rússia, mas as medidas práticas não foram além da suspensão da cooperação no âmbito da Otan e da ameaça de atrasar o ingresso russo na OMC (Organização Mundial do Comércio).

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