Na FOLHA DE S.PAULO:
O afastamento do delegado Protógenes Queiroz da Operação Satiagraha causou uma divisão interna na Polícia Federal. Enquanto delegados criticam o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, por tê-lo censurado e defendem punição ao presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, pelas ofensas à instituição, agentes da PF consideraram benéfica para a entidade a saída de Queiroz.
Contrariados, policiais federais de São Paulo, em especial delegados, decidiram se reunir para estudar possíveis formas de protesto, até mesmo contra a cúpula da própria PF.
O presidente do sindicado dos delegados da PF em São Paulo, Amaury Portugal, disse que Corrêa errou ao censurar Queiroz por ele ter procurado apoio da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).
"A direção deveria ter dado força ao policial, não repreendê-lo. Quando fez isso, só contribuiu para um desgaste maior da polícia. Entendemos que a instituição saiu enfraquecida desse caso", afirmou Portugal.
Já os agentes representados pela Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), que se sentiram desprestigiados com a preferência de Queiroz por técnicos da Abin em detrimento dos da PF, consideram que o delegado foi desrespeitoso com a classe ao recorrer à agência para auxiliá-lo nas investigações. A classe também criticou os métodos "sensacionalistas" que fizeram com que a PF fosse "amplamente criticada como um todo".
Além de Queiroz, deixaram a operação os delegados Karina Murakami Souza e Carlos Eduardo Pellegrini Magro.
Os três investigavam crimes financeiros que teriam sido cometidos pelo banqueiro Daniel Dantas e pelo investidor Naji Nahas, entre outros suspeitos.
Entre as razões que levaram Corrêa a pedir que Queiroz se afastasse está o fato de não ter sido avisado sobre o andamento da operação, em especial sobre os grampos telefônicos que atingiram petistas.
As críticas de Mendes à atuação da PF foram tema de conversas por e-mail dentro da instituição. Muitos policiais queriam punição ao ministro por ele ter classificado métodos da PF como "terroristas".
Os delegados de São Paulo marcaram assembléia para amanhã na sede da PF no Estado. Policiais buscam adesão de colegas de outros Estados.
Serão discutidas possíveis medidas legais contra o afastamento de Queiroz, o uso de tarjas pretas no braço, como sinal de luto pela PF, e até uma paralisação branca -os policiais vão ao serviço, mas não trabalham.
Já a federação nacional diz que Queiroz deve "responder disciplinarmente" por suas práticas durante a Satiagraha.
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