Pará lidera casos de tuberculose na região Norte

No AMAZÔNIA:

O Pará é o primeiro Estado em número de casos de tuberculose da região Norte. Em média, são três mil novos casos por ano. Mas há outro dado alarmante. Segundo o médico-pesquisador e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical do Baixo Amazonas, Bernardo Cardoso, no Brasil são registrados, anualmente, entre 150 mil e 200 mil novos casos. Desse total, 20% a 30% estão concentrados na Amazônia.
Os números são altos e pioram se for levado em consideração o abandono do tratamento antes dos seis meses. 'Muita gente, principalmente fonte oficial, fala que o problema da tuberculose vem aumentando porque as pessoas abandonam o tratamento antes do tempo e aí ficam resistentes ao bacilo. Isso é verdade, sim, mas as pessoas não gostam de morrer. Esse abandono é provocado por falta de informações adequadas aos pacientes. Se eles receberem essa informação de forma objetiva e esclarecedora, manterão o tratamento até o fim', afirma Cardoso, que também está presidindo a IX Jornada de Doenças Tropicais do Baixo Amazonas, que ocorre de 21 a 25 de julho em Santarém, e debaterá, entre outros assuntos, além da tuberculose, hanseníase, hepatites virais, malária, saúde indígena e doença de Chagas.
Nesse sentido, o médico-pesquisador é categórico ao afirmar que esses dados são responsabilidade do descaso do governo. 'É preciso orientar melhor os pacientes. A Amazônia é negligenciada e renegada e não adianta dizer que em todos os municípios o tratamento está disponível, porque faltam medicamentos em muitos locais, deixando a saúde dessas pessoas vulnerável', atesta Bernardo Cardoso.
Outro ponto importante de prevenção que ele destaca é a orientação educacional. 'É preciso que o governo também faça um trabalho de prevenção e orientação nas escolas, centros comunitários, igrejas e demais lugares onde as pessoas ficam reunidas', aconselha Bernardo Cardoso.