sábado, 12 de julho de 2008

Morto na cama pela mulher


No AMAZÔNIA:

Uma 'Maria da Penha' ao contrário. Assim os policiais da Seccional da Pedreira definem o caso do rodoviário Valdeci José Fernandes Santos, de 49 anos, que morreu, no último dia 4, depois de levar uma facada no peito desferida pela técnica em enfermagem Vera Lúcia Gurjão Santos, esposa dele, no dia 23 do mês passado. A agressão fatal se deu depois de mais de 20 anos de maus-tratos que Valdeci sofreu por parte da mulher. Apesar dos apelos dos familiares dele, o rodoviário nunca apresentou queixa contra Vera à polícia. 'Não tenho forças para largá-la. Eu amo essa mulher!', era a resposta da vítima aos que o aconselhavam a deixá-la.
O crime se deu em uma casa da passagem Santa Luzia, entre a travessa Perebebuí e o canal da Pirajá, onde Vera e Valdeci viviam com os quatro filhos, atualmente com idades entre 25 e 11 anos. No último dia 23, ao final da tarde, Valdeci estava em casa quando recebeu um telefonema. Vera o viu atender e, enciumada, tomou o aparelho das mãos dele. Do outro lado da linha, uma voz feminina teria dito 'se tu não queres mais ele, deixa que eu cuido' e desligou. A mulher ficou enfurecida e, aos gritos, ameaçou Valdeci dizendo 'Tu vais me pagar! Eu vou acabar com a tua vida!'.
Por volta das 22 horas daquele mesmo dia Valdeci foi dormir. Vera aproveitou-se da oportunidade para atacá-lo. Armada com uma faca tipo peixeira, ela montou sobre o marido e deu uma facada em cima de seu coração. Uma das filhas do casal a impediu de dar a segunda facada, desarmando a mãe e gritando por socorro. Um filho e um genro do casal salvaram Valdeci das mãos de Vera, levando-o para o Pronto-Socorro Municipal da travessa 14 de Março. 'Os vizinhos contam que, após esfaqueá-lo, ela gritava com a filha: - Me solta, que eu ainda não acabei o serviço!', conta o delegado Fernando Flávio Silva, quem preside o inquérito sobre o caso.
Valdeci passou cinco dias internado em estado grave no PSM da 14. Quando recebeu alta, proibiu que sua família comunicasse o fato à polícia. Passados alguns dias, ele voltou a ter complicações por causa da facada e precisou ser novamente internado, dessa vez no Hospital Municipal Abelardo Santos, em Icoaraci. No dia 4, às 22h30, a equipe médica daquele hospital comunicou sua morte. Vera Lúcia, ao saber disso, saiu à rua gritando 'Matei meu marido!'. Depois disso, desapareceu.
Só com a morte do rodoviário foi que a família dele tomou coragem para denunciar Vera à polícia. No dia seguinte, era dado início a um inquérito policial, no qual quatro testemunhas, duas familiares da vítima e duas vizinhas, foram ouvidas até agora.
Consta nos depoimentos dessas testemunhas que Valdeci era agredido fisicamente desde o namoro. Conta-se que Vera costumava marcar o namorado com a ponta de um canivete. Recentemente, ela quebrou a cabeça dele com um coco durante uma briga. Noutra, ela o queimou com um ferro de passar. Mais uma queimadura no braço esquerdo dele foi causada por ela com água fervendo. Uma furada na perna dele também é atribuída a ela.
A resposta de Valdeci era sempre o silêncio. 'Ele nunca reagia. A família sempre o aconselhava a separar-se porque quando eles brigavam, Vera dizia ‘um dia, eu ainda te mato!', conta o delegado Fernando Flávio, que pretende pedir à Justiça a decretação da prisão preventiva de Vera Lúcia.

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