sábado, 12 de julho de 2008

Mortes chegam a 300 na Santa Casa de Misericórdia

No AMAZÔNIA:

O número de bebês mortos na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará não pára de crescer. Já são 300, entre os recém-nascidos e natimortos que constam da estatística supreendente da maternidade, no período de 1º de janeiro a 10 de julho, segundo dados repassados pelo Departamento de Administração de Necrópoles da Prefeitura de Belém.
Ontem, mais quatro bebês foram enterrados no cemitério municipal do Tapanã. O hospital continua sem esclarecer a causa das mortes e a Assessoria de Imprensa apenas argumenta que para identificar a causa do óbito seria preciso uma pesquisa no prontuário de cada um dos que morreram. A Secretaria Municipal de Administração (Semad) informou que seis crianças morreram no intervalo do dia 5 até o dia 10 deste mês.
A Santa Casa garantiu também que vai divulgar, em duas semanas, os laudos das colheitas bacteriológicas realizadas em várias áreas da maternidade, do berçário e das unidades de terapia intensiva (UTIs). A direção da instituição aguarda o resultado das amostras coletadas pelo Centro de Perícias Técnicas Renato Chaves e Laboratório Central da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa).
Os laudos vão apontar se houve surto de infecção provocado por alguma bactéria, que possa esclarecer e justificar a morte de tantos bebês no hospital.
As suspeitas de infecção hospitalar se fortalecem à medida que alguns fatos importantes da história recente e anterior da Santa Casa se cruzam, entre os quais, o pedido de exoneração do cargo de chefia da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) pela médica infectologista Irna Carneiro, doutora em Controle de Infecção Hospitalar. Sua saída, há cerca de 45 dias, foi um forte indicativo de que há uma conexão entre a mortalidade inesperada de tantos bebês e um possível surto de infecção hospitalar.
Nos últimos dez anos, três surtos importantes despertaram a atenção da médica infectologista no berçário e maternidade. Mas foram imediatamente combatidos e controlados com medidas simples e de segurança médica. O primeiro caso foi um surto de varicela no berçário, que forçou a equipe médica e de enfermagem a fechar a área, transferir os bebês e fazer o combate sistemático. O segundo, novamente no berçário, foi a propagação de bactérias que ameaçavam os recém-nascidos. A partir da identificação da bactéria, o mesmo procedimento de segurança foi tomado, com a retirada dos bebês e isolamento do local.
Já o terceiro surto, que culminou em paralisia facial de funcionárias, a instituição afastou as servidoras para tratamento específico, eliminando, assim, o risco de mais contaminação. Mesmo sem admitir a infecção hospitalar nas instalações do berçário e UTI Neonatal, a Santa Casa isolou nesta semana uma das áreas, fez a desinfecção do local e transferiu os bebês para outra ala.

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