sábado, 22 de março de 2008

Nojos recíprocos e não superados. Nunca.

Remistas e bicolores bem que tentam, mas não conseguem superar o asco, a repulsa, o nojo que uns sentem pelos símbolos e pelas referências do clube contrário.
Um bicolor tem tudo para adquirir um Peugeot, que está com pendências no Detran. Basta ir lá e saná-las. São coisas bobas. Se fizer isso, no minuto seguinte ele será o dono do carro a preço mais do que em conta.
- Por que não pegas o carro [o Peugeot] e vais lá no Detran resolver isso? – já o estimulou uma voz sensata.
- Eu? Nem pensar. Tu achas que eu vou entrar num carro que tem um leão afixado nele? – respondeu o bicolor, ódio à flor do coração só de pensar na possibilidade de entrar no Peugeot.
Já um remista, desses que são remistas na fase pré-criancinha, ou seja, ainda na fase de concepção, está às voltas com o casamento da única filha. Por conta disso, tem virado Belém do avesso, nas degustações e nas pesquisas de preço para saber qual o clube mais adequado para a recepção do casório.
A mulher dele, outro dia, apitou-lhe no ouvido:
- Acho que temos que dar um pulinho até a sede do Paysandu.
- O quê? Naquela coisa? Vamos fazer o quê lá?
- Precisamos saber das condições de preço do salão para o casamento. Já me disseram que o preço está bom.
- Não vou lá. Se depender disso para o casamento, não haverá casamento.
- Vais sim – determinou a mulher. E mulher – vocês sabem -, quando determina, convém que a determinação seja cumprida mais do que se cumpre sentença de juiz.
Pois ele, o marido, acabou indo. Foi enfezado, mas foi. Ficou amuado durante todo o tempo em que esteve na sede “do outro”, como ele se refere ao Paysandu.
Na volta para casa, passou uma hora debaixo do chuveiro.
- Precisei tomar um banho para desinfetar-me – ensinou.

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