Na FOLHA DE S.PAULO:
Em depoimento ontem na CPI dos Cartões, o ministro Jorge Hage (Controladoria Geral da União) disse que houve "preconceito" na divulgação da compra de uma tapioca feita pelo ministro Orlando Silva (Esporte) com cartão corporativo e que está investigando gastos irregulares de ministros do atual governo e do anterior em restaurantes de Brasília.
"Poderia ser algo inédito, mas estamos levantando e vamos encontrar algo além da tapioca de R$ 8 na rubrica de alimentos pagos em Brasília. Pagamento de alimentação em Brasília, seja de tapioca, no McDonald's, no Piantella, no Alice ou de caviar é a mesma coisa: não pode." Despesas com alimentação só podem ser pagas com os cartões em viagens fora da capital federal.
O ministro disse que a CGU ainda estava levantando dados, inclusive os referentes às contas tipo B, usadas com maior freqüência na gestão Fernando Henrique: "Como a CPI se propõe a investigar a utilização do suprimento de fundos desde 1998, vamos ser instados a prestar informações e estamos nos preparando para isso, abrindo por amostragem processos de prestação de contas. É possível que encontremos algo muito além da tapioca".
De acordo com Hage, a "tapioca se tornou um termo jocoso" para definir despesas com cartão corporativo. "Acho que estava por trás dessa divulgação um preconceito por ser tapioca. Se o ministro tivesse comprado um hambúrguer ou um cheesebúrguer no McDonald's o escândalo não teria sido divulgado." E completou: "[A compra] é razoável, não é razoável, depõe contra a ética? Se a tapioca fosse consumida em São Paulo, podia". Na seqüência, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) disse à CPI que o colega deve ter optado por consumir a iguaria em Brasília porque "tapioca de paulista deve ser muito ruim".
Bernardo afirmou que o Congresso não deveria perder tempo com pequenas despesas ("daqui a pouco vamos discutir o borracheiro, a lavanderia") e recomendou à CPI que busque formas de aperfeiçoar o uso dos cartões: "O saque é uma anomalia. Acho que entre dois e três anos não vai ser mais possível realizar saques". Para Hage, "com os saques se perde a vantagem da transparência".
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