terça-feira, 25 de março de 2008

Marambiré vira patrimônio cultural e artístico do Pará

Os alenquerenses, onde quer que se encontram, encontram-se desde em estado de graça.
O Diário Oficial de ontem publica a Lei nº 7.113, sancionada em 19 de março passado, pela governadora Ana Júlia Carepa, que declara como patrimônio cultural e artístico do Estado do Pará a dança do marambiré, um dos tesouros mais preciosos do folclore de Alenquer, na região oeste do Estado.
A lei é curta. Tem apenas dois artigos. O segundo determina que a declaração contida em lei tem como objetivo a preservação, conservação e proteção às formas de expressão, objetos, documentos, fantasias e músicas da dança do marambiré.
O site Alenqueremos levanta uma discussão: marambiré ou murambiré ? “Certamente há uma correlação entre elas; entretanto, em Alter-do-Chão, no município de Santarém, a dança do Marambiré é absolutamente distinta da manifestação intitulada Dança do Murambiré, na cidade de Alenquer. Em Alter-do-Chão, a dança constitui-se numa simples marcha: a coreografia é meio complicada; o ritmo, alegre e excitante. Em Alenquer, porém, ela é quase um ritual e chega a existir um Grupo de Dança do Congo com o Rei, a Rainha, a Princesa do Congo e mais 17 vassalos”, explica o site.
O procurador de justiça aposentado Luiz Ismaelino Valente compõe “Marambiré”, que tem letra dele e música do médico Francisco Flaiury Valente.
Os autores, ambos alenquerenses, dizem que a composição é um é um “tributo à cultura negra e ao marambiré do Pacoval do tempo antigo: ao Arauto, Mestre Eládio, dona Coroca, Velho Árgeo Milharal. À Raimunda Poeira, ao Carolino, ao Inácio, ao Santa Rita... E a tanta gente que o tempo não esquece
Jamais! É assim a “Marambiré”:

INTRODUÇÃO
“Aiuê te-cundê
Gurupê, moaxiá, ambirá,
Bambauá ererê!” (bis)

Refrão:
O marambiré
É do Pacoval.
Terra de preto bamba
Gente que não tem mal. (bis)

I
Não há beleza mais linda
Nem nas noites de luar
Que com a beleza da Rosa
A gente vá comparar. (bis)

(refrão)

II
A senhora Dona Rosa
Era prosa sim senhor,
Rosa sem ter espinhos
Não é rosa e não é flor. (bis)

(refrão)

III
Não há feitiço que doa
Quando é de bem querer
– Em Pacoval, terra boa,
Dona Rosa foi viver. (bis)

(refrão)

IV
Do “remédio” desses pretos
Basta só uma colher
– Pois se doma até as cobras
Quanto mais uma mulher! (bis)

(refrão)

V
A senhora Dona Rosa
Se casou com o preto Assis
– Mas se antes era prosa,
Ao depois viveu feliz! (bis)

(refrão)

VI
Foi a Rainha do Congo
Quem dançou no terreiro.
É a rainha da festa
É a mulher do guerreiro.

Foi a Rainha do Congo
Quem dançou no terreiro.
É a rainha da festa
É a Raimunda Poeira!

“Aiuê te-cundê
Gurupê moaxiá ambirá
Bambauá ererê!”

Um comentário:

nilda disse...

Já ouvir falar muito dessa história aqui em Alenquer,da mulher branca quer de uma hora para outra se apaixonou perdidamente por um morador do quilombo,e a quem diga que até hoje é assim,se um quilombola se apaixomar por alguem,esse alguem lá vai morar,muito interesante.