Em O ESTADO DE S.PAULO:
Na véspera da sessão do STF (Supremo Tribunal Federal) que irá decidir sobre a liberação ou não do uso de células-tronco de embriões humanos para pesquisas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem ser "particularmente favorável" à aprovação da continuidade das pesquisas.
"Eu, particularmente, sou favorável à aprovação da [pesquisa com] célula-tronco. Acho que o mundo não pode prescindir de um conhecimento científico que pode salvar a humanidade de muitas coisas", disse o presidente ontem, após a inauguração do Centro de Nanociência e Nanotecnologia Cesar Lattes, em Campinas.
Foi a declaração mais explícita de Lula sobre o assunto desde que a Lei de Biossegurança começou a ser debatida, em 2003. Na campanha presidencial de 2006, quando a lei já havia sido aprovada, Lula foi questionado sobre se apoiava essa linha de pesquisa -questionada por religiosos de sua base. Sem responder, limitou-se a comentar os investimentos de seu governo na área.
Lula afirmou, no entanto, que não iria comentar suas expectativas em relação à votação pelo STF da Adin (ação direta de inconstitucionalidade) que quer barrar as pesquisas com células embrionárias, prevista para ocorrer hoje.
"Eu gostaria que passasse [a constitucionalidade das pesquisas com células-tronco], mas não posso firmar expectativa quando a Suprema Corte se reúne. Cada ministro é muito bem preparado para votar."
A atual Lei de Biossegurança, aprovada pelo Congresso em março de 2005, permite que cientistas usem embriões inviáveis ou congelados há mais de três anos para pesquisas.
Para o ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles, autor da ação de inconstitucionalidade, a vida humana começa na fecundação e, portanto, destruir embriões para fins de pesquisa fere a Constituição, que garante a "inviolabilidade do direito à vida".
A posição de Fonteles é defendida pela Igreja Católica, que critica a possibilidade de aprovação das pesquisas, alegando que seria um passo para a aprovação do aborto.
Defensores das pesquisas alegam que não é possível equiparar os direitos de um embrião de cem células com os de um ser humano formado.
"Trevas"
Pelo menos dois ministros de Lula - José Gomes Temporão, da Saúde, e Tarso Genro, da Justiça - também se manifestaram ontem a favor da Lei de Biossegurança.
Um grupo de portadores de doenças neurodegenerativas favorável à utilização de embriões em pesquisa esteve ontem com Temporão, com parlamentares da frente da Saúde e com o advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli -este fará hoje no Supremo a defesa da permanência das pesquisas com embriões.
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