quinta-feira, 13 de março de 2008

Governador de Nova York renuncia após escândalo

Na FOLHA DE S.PAULO:

O governador de Nova York, o democrata Eliot Spitzer, anunciou ontem sua renúncia, dois dias depois de se ver envolvido em um escândalo sexual por sua ligação com uma rede de prostituição de luxo. Ele deixa o posto a partir da próxima segunda-feira, de modo a permitir uma "transição suave", e será substituído por seu vice, David Paterson, que é deficiente visual e será o primeiro governador negro do Estado.
Apesar de tentarem se isolar do escândalo nos últimos dias, os pré-candidatos democratas Hillary Clinton e Barack Obama não puderam evitar perguntas a respeito. Ontem, Obama afirmou crer que o episódio "é de partir o coração para a mulher e as filhas de Spitzer, e provavelmente ele vai querer agora passar algum tempo concentrado em reparar os danos causados a suas relações".
Sobre a dimensão política, ele disse que ela deverá "ser resolvida por pessoas de Nova York e conselheiros de Spitzer, em consultas com sua família".
Já Hillary Clinton se limitou a dizer anteontem que "obviamente está enviando seus melhores pensamentos ao governador e sua família". Ao renunciar, Spitzer perde o status de superdelegado -integrante da cúpula democrata com voto na convenção do partido- e não poderá votar na senadora, a quem havia prometido apoio.
Spitzer também encerra uma carreira política construída sobre uma imagem de retidão e luta contra crimes financeiros e corrupção. Ele é suspeito em uma investigação federal por ter usado os serviços da rede de prostituição Emperors Club VIP e poderá ser denunciado.
"Não posso permitir que meus fracassos privados atrapalhem o trabalho público", disse em seu discurso de renúncia ontem. Assim como já havia feito na última segunda, Spitzer, 48, casado e com três filhas adolescentes, pediu desculpas aos eleitores e disse que buscará ajuda, mas não mencionou diretamente o caso.
Com pesquisas indicando que 70% dos nova-iorquinos desejavam a renúncia e com a ameaça de impeachment da oposição republicana no Estado, a saída de Spitzer era quase inevitável. Mas, ainda que ele já não tivesse altos índices de aprovação, o escândalo foi recebido com surpresa, devido à sua atuação firme contra a prostituição quando era procurador-geral do Estado.
"Em toda minha vida pública eu insisti em que as pessoas devem assumir a responsabilidade por sua conduta. Não peço menos de mim mesmo, e por isso renuncio", disse, ao lado da mulher, Silda.

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