terça-feira, 14 de setembro de 2021

Jatene desconversa sobre seu futuro político, classifica o governo Helder de "essa coisa que está aí" e acusa o governador de implantar estado policialesco

Simão Jatene: "Jamais utilizamos o estado para perseguir adversários"

"Eu desafio qualquer comparação entre o nosso governo e essa coisa que está aí. Eu desafio, em qualquer área. Não foram só os 18 hospitais regionais, que estão sendo praticamente destruídos com os escândalos de corrupção e de desvios de recursos públicos, inclusive num momento dramático, quando as pessoas mais precisaram. Não foram apenas os quilômetros de estradas e pontes que foram construídos. Foi sobretudo uma coisa que é um legado: foi o respeito os paraenses. Acho que esse foi o maior legado [do nosso governo]".


O desafio foi lançado nesta segunda-feira (13), pelo ex-governador Simão Jatene, na primeira entrevista que concedeu após ter transmitido o governo a Helder Barbalho (MDB), em 1º de janeiro de 2019. Durante quase duas horas e meia, Jatene falou numa live a Felipe Canté e Neto D'Ippolito, do Canal MangoCast (veja aqui a íntegra), e fez duras críticas ao atual governador.

Jatene lembrou que teve sua vida "vasculhada" por seus sucessores, nas três vezes após ter exercido o mandato de governador do Pará eleito pelo voto democrático (o único na história do estado, até agora). "Vasculharam minha vida de cabo a rabo", afirmou o (até agora) tucano, citando especificamente as acusações de que teria envolvimento em fraudes no Caso Cerpasa, cuja denúncia sequer foi aceita pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Tapas na mesa - Com direito a tapas na mesa, Jatene fez novo desafio e insinuou que a família Barbalho acumulou um vasto patrimônio de forma no mínimo suspeita. "Agora eu quero saber: como é que se constrói império de comunicação sendo só político? Isso eu quero saber. Eu quero saber como é que, com um salário de deputado, de prefeito, de governador, de senador ou seja lá o que for dá pra ter rádio, televisão, jornal. Eu quero saber como é que se faz isso. Me expliquem como faz isso. Eu já desafiei algumas vezes pra pegar o nosso Imposto de Renda e comparar os impostos de Renda. Agora, cada um [tem que] dizer como conseguiu aquilo que conseguiu. E mais do que isso: assinar um documento dizendo que tudo o que estiver em nome de laranja não será utilizado nem por mim, nem por meus descendentes até a quarta geração. Quero ver se tem coragem para fazer isso", atacou Jatene.

O ex-governador acusou o governo Helder Barbalho de implantar um estado policialesco para perseguir adversários e jornalistas que o criticam nas redes sociais, uma referência a duas operações realizadas no ano de 2020, uma delas no mês de abril, a outra no mês de junho, ambas de busca e apreensão na residência de blogueiros e jornalistas que estariam disseminando notícias falsas. Ambos os inquéritos, até agora, não foram concluídos.

"Jamais utilizamos o estado para perseguir adversários. As pessoas nas redes sociais - os exemplos são vários - tinham a liberdade para fazer suas críticas, muitas vezes injustas. Mas nós jamais utilizamos a polícia, de forma a ser a polícia do governador, e não a polícia do estado. Me conta aí: quem foi na verdade o jornalista, a jornalista ou o blogueiro, enfim, que foi perseguido pelo nosso governo?", indagou Jatene.

Futuro político - O ex-governador desconversou quando confrontado com a insistente pergunta que lhe fazem, sobre se vai concorrer ao governo do estado em 2022, muito embora, no momento, esteja legalmente impedido de fazê-lo, em virtude da rejeição de suas contas pela Assembleia Legislativa, em setembro do ano passado. 

"Eu sempre fui muito cuidadoso nessa história de aceitar ser candidato. Primeiro, porque ninguém é candidato de si mesmo. Segundo, pela questão do respeito coletivo. Sempre tive muito cuidado com isso, no sentido de que a percepção da sociedade precisa ser respeitada, a capacidade de levar adiante um projeto precisa ser respeitada", desconversou Jatene.

O ex-governador, porém, foi um pouco mais explícito ao falar sobre seu futuro político no âmbito do PSDB, legenda que o tem entre os fundadores históricos no estado do Pará, juntamente com o falecido ex-governador Almir Gabriel. Ele informou que essa possibilidade será concretamente discutida na próxima segunda-feira, sem dar maiores detalhes.

E para qual partido irá o ex-governador, se realmente resolver desfiliar-se do PSDB? "Acho inclusive que há possibilidade de Jatene em nenhum partido", respondeu o ainda tucano, outra vez desconversando.

2 comentários:

Anônimo disse...

É, apesar de problemas em alguns setores é inegável avanços em áreas como estradas, pontes de concreto e hospitais em todas as regiões que ajudaram na acolhida de pacientes acometidos pela pandemia da Covid. E essa questão de perseguição de adversários é uma verdade, no atual governo.

Anônimo disse...

Jatene perseguiu sim dois membros do ministério Público muito conhecidos ao ser denunciado em esquema ilegal de venda de combustível para a polícia militar junto com o filho Beto jatene. Famoso escândalo betocard