segunda-feira, 31 de março de 2008

Grupos se engalfinham em torno da indicação de pro tempore

Dêem uma olhadinha nisto aqui:
"A comunidade acadêmica da Uepa repele fortemente tentativas espúrias de intervenção e responsabiliza aqueles que premeditam o golpe por quaisquer graves acontecimentos extemporâneos que venham a ocorrer como resposta a medidas discricionárias."

Agora, dêem uma olhadinha aqui:
"Repudiamos todas as atitudes e iniciativas de opressão, medo, uso indevido do nome de pessoas, chantagens e assédio moral que ainda permanecem de modo velado e declarado, em vários de nossos espaços, na capital e no interior do Estado."

Quem escreveu?
O primeiro trecho é da lavra de grupo que se intitula "Movimento Ronaldo Vive" - homenagem a um servidor falecido no último Domingo de Páscoa - que se opõe à indicação de um pro tempore para a Uepa pela governadora Ana Júlia Carepa.

O segundo trecho tem como origem um grupo que se intitula "Movimento Autonomia, Ética e Transparência na Uepa", favorável à indicação de um pro tempore como a alternativa adequada para superar o impasse em que se encontra o processo de escolhe do reitor, paralisado desde janeiro deste ano por meio de liminar judicial.
A linguagem, vocês viram, é virulenta, cheia de ameaças veladas. É uma linguagem cifrada, mais perceptível, no seu sentido, no seu alcance e nos seus propósitos, por quem a utiliza. E quem a utiliza sabe que as palavras, quando mal colocadas, atiçam o fogo das paixões e podem levar a conseqüências imprevisíveis, eis que o clima de hostilidade, quando crescentemente incontrolável, desconhece limites.
E hostilidade entre os partidários das candidaturas dos professores Sílvio Gusmão, o primeiro colocado na eleição para reitor, e Bira Rodrigues, o segundo colocado, ou por outra, a hostilidade entre os partidários da nomeação de um pro tempore e dos que consideram tal providência um golpe avanço dos 40 para os 100 graus nas últimas 72 horas.
No último final de semana, o blog foi obrigado a recusar a publicação, nas caixinhas, de comentários os mais agressivos, ofensivos e desrespeitosos que os partidários de uma e outra candidaturas dirigiam-se uns aos outros.
E o clima pode ficar ainda mais pesado se a moderação não preponderar a partir das 10h desta segunda-feira, quando haverá no prédio da Reitoria da Universidade do Estado do Pará uma audiência pública "em favor da Autonomia da Uepa", segundo a convocação do "Movimento Ronaldo Vive".
Para vocês sentirem e avaliarem a quantas arde a fogueira das paixões na Uepa e sobre as razões de cada um, o blog publica as mensagens de cada grupo - a favor e contra Sílvio Gusmão, a favor e contra a indicação de um pro tempore. Confira aí embaixo:

"Movimento Ronaldo Vive"
A Universidade do Estado do Pará/Uepa vive um momento extremo na sua jovem história. A comunidade acadêmica foi surpreendida por uma declaração tendenciosa do Sr. Charles Alcântara (Chefe da Casa Civil do Governo do Estado), publicada no Jornal Diário do Pará, do último dia 27, que revela o interesse de promover um golpe na Uepa, com a nomeação de interventores para as funções de Reitor e Vice-Reitor.
Repudiamos publicamente tal intenção, que historicamente só ocorreu no regime de exceção, durante a ditadura militar.
Esclarece-se que a Uepa tem seus próprios instrumentos para resolver suas questões acadêmico-administrativas, amparadas legalmente em seus Regimento Geral e Estatuto.
O Conselho Universitário da Instituição (Consun) é que detém a prerrogativa em caso de vacância dos cargos de Reitor e Vice-Reitor, indicar dentre os seus pares os nomes para serem nomeados pela governadora.
Portanto, a comunidade acadêmica da Uepa repele fortemente tentativas espúrias de intervenção e, responsabiliza aqueles que premeditam o golpe, por quaisquer graves acontecimentos extemporâneos que venham a ocorrer como resposta a medidas discricionárias.
Por amor e respeito à Uepa e pela autonomia universitária:
Não à intervenção!
Não a gestores biônicos!

“Movimento Autonomia, Ética e Transparência na Uepa”
Nós, do Movimento Autonomia, Ética e Transparência Na Uepa, que representamos diretores de centros, coordenadores de cursos, chefes de departamentos, alunos e técnico-administrativos, preocupados com o futuro desta Universidade, vimos de público comunicar a comunidade em geral que estamos de pleno acordo com a prerrogativa legal da Excelentíssima Governadora do Estado do Pará Ana Júlia Carepa em indicar uma Reitora Pro Tempore para a Universidade do Estado do Pará.
Compreendemos que tal atitude não se trata de intervenção, uma vez que o fim de mandato do atual Reitor e impedimento judicial da governadora em nomear o futuro Reitor, não tem uma solução prevista norteada pelo Regimento da UEPA. Esta nomeação não fere de modo algum a autonomia universitária e a representatividade do Conselho Superior Universitário.
Reconhecemos que os interesses da Universidade são maiores do que qualquer outra situação e a Excelentíssima Governadora não pode se omitir e deixar a Uepa sem um gestor máximo interino, e por isso escolheu uma docente de carreira, da própria Uepa, de reconhecido valor acadêmico, para dar esta contribuição.
A Universidade precisa deste momento para organizar suas atividades de gestão com moralidade e ética, em curto espaço de tempo, garantindo aos seus alunos a qualidade na formação e aos seus professores e funcionários a tranqüilidade necessária ao desempenho de suas funções.
Repudiamos todas as atitudes e iniciativas de opressão, medo, uso indevido do nome de pessoas, chantagens e assédio moral, que ainda permanecem de modo velado e declarado, em vários de nossos espaços, na capital e no interior do Estado.
É preciso que toda a Sociedade Paraense esteja esclarecida sobre estes fatos, tendo o discernimento de não se deixar confundir pelas inverdades lançadas por interesses particulares; é necessário que cada cidadão deste estado lute por uma UEPA mais transparente e aberta a comunidade. Assim, todos compreenderão porque alguns de seus membros tentam se manter donos da Uepa, tumultuando os fatos para que não se compreenda os reais motivos da ganância de poder.
À sociedade cabem as perguntas: Por que qualquer um dos professores não pode saber o que se passa na gestão da Uepa? Por que os escolhidos têm que ser sempre os mesmos? Por que só pessoas do mesmo grupo se mantêm há tantos anos nos cargos? O que tem para se esconder na gestão da Uepa?
A Uepa pede uma chance. Queremos liberdade na Universidade do Estado do Pará. A excelentíssima governadora conta com o apoio da maioria na comunidade da Uepa. Estamos em contagem regressiva para as mudanças.
Conclamamos todos a unirem-se a esta causa maior que é a Universidade do Estado do Pará. Junte-se a nós!

2 comentários:

Anônimo disse...

A verdade, apenas resumindo os fatos, é que a Governadora não possui autoridade para decidir sobre a escolha de reitor e vice temporários, tanto prova que oficialmente, há dois dias do fim do mandato do atual reitor, Fernando Palácios, a Governadora não se manifestou publicamente sobre o caso e muito menos fez qualquer publicação dos possíveis nomes no Diário Oficial. Até porque se fizesse o que os jornais noticiaram a Universidade teria total competência para entrar com um mandato de segurança na justiça impedindo a nomeação de interventor pelo Governo. A questão é que de fato e bem escrito no Regimento da Uepa, lhe é cabido escolher o reitor temporário, como vai acontecer, e cabendo à Governadora apenas homologar o parecer dos Conselheiros da Universidade. Por este motivo é que mais uma vez Ana Júlia, ou Charles Menezes, estão impedidos de fazer oi quer queriam, colocar o PT no poder da UEPA. E pelo visto vão continuar querendo...

Anônimo disse...

Dá vontade de publicar o Regimento da UEPA quando ouço estas coisas. Não existe nada no Regimento prevendo o que deve ser feito em caso de término de mandato e impedimento judicial de indicar nome da lista tríplice, como está acontecendo agora com a UEPA. Não existe nada em nosso Regimento que diz que um reitor temporário tem que ser membro do Consun. Portanto, não será intervenção a nomeação de um pró-tempore pela Governadora.Ninguém aguenta mais as brigas políticas no interior da universidade, o uso imoral de nome de pessoas falecidas para tentar se manter no poder.