A entrada do campo de concentração de Sachsenhausen, nos arredores de Berlim. No topo, o relógio parado na hora exata em que começou a primeira evacuação de prisioneiros. (Foto: Espaço Aberto) |
Sachsenhausen: o fosso de fuzilamento. Em uma ocasião, foram fuzilados 13 mil prisioneiros. De uma vez só. (Foto: Espaço Aberto) |
Fornos crematórios (Foto: Espaço Aberto) |
Fui sozinho ao campo de concentração de Sachsenhausen, a cerca de 40 minutos de Berlim.
Fui sozinho porque acompanhantes de viagem não quiseram ir comigo.
Não foram porque desconfiavam que seria demais, em período de férias, defrontarem-se com cenas tão pavorosas. Fizeram bem em não ir.
Mas eu fui.
E vi, sim, imagens pavorosas, retratadas em exposições dispostas no interior dos barracões onde ficava a população do campo, predominantemente formada por judeus (vejam, nesta postagem, algumas das imagens que fiz).
Calçado de um prisioneiro (Foto: Espaço Aberto) |
Ao final do roteiro indicado para se conhecer todas as áreas do campo de concentração, vi um rapaz - na faixa dos 20 anos.
Ele foi dominado por uma crise de choro. Chorava tanto, mas tanto, que sentou-se no chão. Não conseguiu sustentar-se em pé. Sentou para chorar.
Chorava convulsamente. Copiosamente.
Ninguém sabia o porquê daquele choro. Mas imagino que talvez chorasse porque um ancestral seu passara por ali. Ou porque, simplesmente, tudo o que ele viu era uma agressão - horrorosa - à natureza humana. Era uma agressão que não se imaginavam pudessem ser capazes mesmo os mais selvagens dos seres humanos.
Quem estiver mais interessado em detalhes, clique na postagem que tem como título Em Sachsenhausen, as lágrimas pelo horror.
Por que me lembro agora de Sachsenhausen?
Porque estamos em guerra. Muitos idiotas, malucos e debochados não acreditam. Mas estamos em guerra. Uma guerra mundial contra o Covid-19.
Naqueles tempos tenebrosos da II Grande Guerra, milhares, milhões de judeus, quando eram levados para os campos de concentração (Sachsenhausen, inclusive), imaginavam que passariam, digamos assim, apenas por uma segregação temporária. Mas milhões nunca voltaram para casa. Milhões desapareceram nas câmaras de gás.
Nestes tempos, de guerra mundial contra o coronavírus, milhares, ou quem sabe milhões de brasileiros, imaginam que esse vírus, como diz o vírus maior, chamado Jair Bolsonaro, é apenas uma gripezinha ou um resfriadinho. Se continuarem pensando assim, podem causar a morte de milhares de pessoas. Quem diz isso? Especialistas do mundo inteiro.
Naqueles tempos tenebrosos da II Grande Guerra, milhões de judeus, quando eram levados para os campos de concentração (Sachsenhausen, inclusive), não imaginavam os terrores a que seriam submetidos porque não tinham como saber. Havia censura. Na Alemanha, ouvir rádio era crime punível com morte sumária.
Nestes tempos, de guerra mundial contra o coronavírus, 210 milhões de brasileiros têm informações disponíveis - pelo rádio, pela TV, pelo telefone celular, por jornais, pela internet etc. Todos sabem que, se não observarem o isolamento social, se não ficarem em casa, pelo menos nas próximas duas ou três semanas, poderão agravar essa pandemia a um nível de proporções apocalípticas, como já alertou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterrez.
Por que, então, não ficarmos em casa?
Por que não obedecermos aos cientistas?
Por que não obedecermos aos médicos?
Por que não seguirmos as decisões que vêm sendo adotadas por governadores e prefeitos?
Por que não aderirmos às orientações do Ministério da Saúde?
Por que, enfim, não deixarmos de lado um homem pernicioso como Jair Bolsonaro?
Por que não o ignorarmos completamente e não os deixamos falando no seu picadeiro, para que ali protagonize seus espetáculos dantescos?
Fique em casa.
Se ficar, você se salva. Você ajuda a nos salvar.
Um comentário:
Boa a analogia. Também sei um pouco do que foi um campo de concentração e dos males que o nazismo causou ao mundo, à minha família inclusive. Uma foto que chamou muito a minha atenção foi a que mostrava os soldados aliados, após a Vitória, obrigando os moradores de Berlim a ficarem olhando por vários minutos os campos de concentração, valas com os mortos, etc.
Oxalá fosse possível pegar um monte de verdes amarelos, que vestem a camisa de uma das entidades mais corruptas do Brasil, e coloca- Los a olhar as mazelas que esse presidente insano está trazendo e fazendo ao país. Vou procurar a foto e te mando.
Postar um comentário