segunda-feira, 9 de março de 2020

De Zenaldo Coutinho para trás, até 1616, nenhum gestor de Belém está imune de responsabilidade pelos alagamentos trágicos


Sem brincadeira, é muito bom, nesta época em que chove todo dia, o dia todo, assistirmos a esse espetáculo divertidíssimo em que petistas, tucanos, democratas, socialistas, comunistas, psolistas, emedebistas, bolsonaristas, zenaldistas, antizenaldistas e quantos outros istas existem por aí estapeiam-se – às vezes virtualmente, outras pessoalmente –, ao mesmo tempo em que desbastam seu inesgotável estoque de palavrões e xingamentos, em meio a discussões inúteis sobre de quem é a culpa pelos alagamentos de proporções diluvianas que castigam Belém, em decorrência de aguaceiros como os que têm desabado nos últimos dias na cidade.
Esse é um espetáculo que, embora divertido, tem como pano de fundo prejuízos enormes, incalculáveis e irreversíveis que milhares de pessoas, a maioria delas muito pobres, sofrem nesta época do ano, quando têm suas casas invadidas por lamaçais engrossados por boa parte do lixo que se acumula nos canais.
Dessas discussões, resulta que, a cada chuvarada, os prefeitos de hoje e de ontem, xingados como inoperantes e omissos, são os mesmos que, amanhã, dirão a mesmíssica coisa de seus sucessores.
De Zenaldo Coutinho para trás, até o remoto 1616, quando Francisco Caldeira Castelo Branco aportou no Forte do Presépio, todos os administradores da cidade, sem qualquer exceção, foram incapazes de operar gestões ao final das quais tivessem sido feito obras que livrassem Belém de alagamentos colossais, como os que estamos vendo.
É fato – indesmentível, insofismável e irretorquível – que um volume de água como o que caiu no sábado, por exemplo, é desmedido, é impressionante, assustador e incontrolável até mesmo se considerarmos os padrões pluviométricos amazônicos.
Também é fato – indesmentível, insofismável e irretorquível – que as administrações municipais, independentemente de partidos ou ideologias, fazem pouco ou muito aquém do que deveriam fazer, para minimizar os transbordamentos de canais e outras áreas de baixada que existem em Belém.
E também é fato - indesmentível, insofismável e irretorquível – que a população tem sua parcela de culpa, quando trata o espaço público como se fosse um lixão a céu aberto, contribuindo assim para que as comportas naturais por onde as águas deveriam escoar fiquem travadas – e bem travadas – pelo acúmulo de rejeitos domésticos despejados em todo lugar.
Então, sob o clamor dessas discussões estéreis, ficamos como naquela máxima: na casa em que falta o pão, todos gritam e ninguém tem razão.
Nesta Belém secularmente desassistida de ações mais concretas para minimizar os alagamentos, todos gritam e ninguém tem razão.
Nem petistas, tucanos, psolistas, emedebistas, zenaldistas, antizenaldistas e quantos outros istas existem por aí.
Ah, sim. E outra coisa: não esqueçam de pegar essa arca que aparece aí em cima.
A passagem é “digrátis”.
Zenaldo garante!

Um comentário:

Pedro do Fusca disse...

Belém é mais baixa do que o nível do mar e não teremos nenhum Prefeito que acabe com os alagamentos, temos sorte pois depois de chuvas de 12 horas nenhum acidente e depois de poucas horas tudo se normaliza, veja as outras regiões muito mais ricas que Belém e com uma chuvinha tudo acontece, mortes, desabamentos, invasão de agua em garagens de prédios e por aí vai. Não temos dinheiro e não somos uma Holanda que lá é cercada de diques para não acontecer o que vemos em Belém. Esta que é a verdade o resto é politicagem.